São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Saúde quer dar contraceptivos a 7 milhões

ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde pretende executar este ano o mais amplo projeto de planejamento familiar já feito no Brasil. A meta é atingir 7 milhões de mulheres.
Elas vão receber, de graça, pílulas anticoncepcionais, diafragmas ou DIU (Dispositivo Intra-Uterino) e geléia espermicida, além de outros métodos, conforme o caso.
Orçado em R$ 38 milhões só para compra dos insumos anticoncepcionais, o projeto já tem 60% dos recursos assegurados e o compromisso do ministro da Saúde, Adib Jatene, em liberar o resto.
O dinheiro sai da verba orçamentária do Ministério da Saúde e de convênios com organismos internacionais, como o Fundo das Nações Unidas para População.
Postos de saúde e hospitais já teriam começado a receber as pílulas e geléias espermicidas. Segundo o governo os Estados montaram centros de planejamento familiar e 70% dos municípios já oferecem algum serviço de planejamento. Existem 88 postos montados pelos Estados.
Para executar o plano foram treinados 70 mil médicos e enfermeiros que já trabalhavam para o governo através do SUS (Sistema Unificado de Saúde).
"Antes de conter a natalidade, o projeto evitará as mortes de mães e crianças", diz José Ferreira Nobre Formiga Filho, chefe do Serviço de Assistência Integral à Saúde da Mulher, da Comissão Materno-Infantil do ministério.
O uso de anticoncepcionais garante que as mães descansem o tempo mínimo entre um gestação e outra, para evitar o nascimento de crianças fracas. Além disso, diz José Formiga Filho, melhora a saúde da própria mãe.
Dom Ivo Lorscheiter, que ocupou duas vezes a presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), diz que "é anacrônico o pensamento de que esse (o controle de natalidade) é o problema mais urgente do país".
Até hoje, o maior programa executado pelo governo atingiu, em 94, cerca de 5% da mulheres em condições de ter filhos.
O projeto que está sendo executado atualmente, chamado PAISM (Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher), existe desde 84, mas nunca foi tratado como prioridade. Ele foi normatizado em 88 e foi revisto em 92 e em 94. Sofrerá nova revisão este ano para se adequar às novidades, como o DIU de que dura até 10 anos.

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