São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995 |
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Ministério tem rombo de US$ 680 milhões
ALEXANDRE SECCO
Este valor corresponde ao dinheiro necessário para um mês e meio de funcionamento da rede de hospitais e ambulatórios conveniados. Sem perspectiva de receber mais dinheiro para sua pasta, o ministro da Saúde, Adib Jatene, já defende no governo a abertura de uma linha de crédito com juros abaixo de mercado para os hospitais que prestam serviços para o governo. Toda vez que o Ministério da Saúde deixasse de pagar na data estipulada, o hospital conveniado teria acesso automaticamente a um empréstimo correspondente ao valor devido. Hoje os hospitais já recorrem aos empréstimos mas estão sujeitos aos juros praticados pelo mercado. O assunto ainda está sendo discutido entre Jatene, hospitais e equipe econômica. Pagar os hospitais em dia é o maior problema do Ministério da Saúde. Segundo a Folha apurou, os hospitais acham razoável uma taxa de juros em torno de 3% ao mês. O mercado trabalha com taxas de juro de 8,7% a 12,4% ao mês. Rombo O orçamento previsto para o Ministério da Saúde neste ano é de R$ 6,8 bilhões. Esse valor é estimado com base no orçamento estabelecido para o primeiro trimestre do ano. A equipe econômica limitou os repasses para a Saúde em R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 95 (equivalente a R$ 6,8 bilhões no ano). A projeção do rombo é feita com base na média de pagamentos mensais mais o valor das dívidas de 94 —já pagas com dinheiro do orçamento de 95. Portaria Uma portaria do ministério limitou o gasto mensal neste ano a um teto de R$ 571,5 milhões (R$ 6,85 bilhões ao ano). Os hospitais alegam que o mínimo necessário para cada mês é de R$ 580 milhões. Só essa diferença projeta um rombo de cerca de R$ 100 milhões. O problema é que essa limitação não resolve a questão da dívida feita com pagamentos dos serviços que já foram prestados no ano passado. O governo já comprometeu R$ 1,16 bilhão do orçamento deste ano com o pagamento de dívidas do ano passado (R$ 580 milhões para pagar novembro de 1994 e mais R$ 580 milhões para dezembro de 1994). Considerando que o ministério pague sua dívida de dezembro próximo só em janeiro de 96, ainda lhe faltará dinheiro para pagar um mês de serviço neste ano, correspondente a R$ 580 milhões. Texto Anterior: Leitora reclama de demora para calcular pensão Próximo Texto: Médicos rejeitam plano de saúde criado por Maluf Índice |
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