São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Médicos rejeitam plano de saúde criado por Maluf

AURELIANO BINCARELLI

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PAS, Plano de Atendimento à Saúde proposto pelo prefeito Paulo Maluf, vem conseguindo uma rara unanimidade: todas as entidades que reúnem profissionais ligados à saúde são contrárias a ele.
Uma guerra através da mídia foi aberta na semana passada entre a prefeitura e as entidades. "O plano é autoritário porque não ouviu os médicos, demais profissionais e nem a população", diz uma carta aberta assinada pelo Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira, Sindicato dos Médicos, entre outras entidades.
As entidades médicas estão colocando "mesquinhos interesses corporativos e políticos" acima "dos direitos da população", afirmou a prefeitura em carta publicada nos jornais.
Ontem, a Secretaria da Saúde anunciou que começará a cadastrar os primeiros "associados" do PAS já na próxima semana (veja texto abaixo).
Cada morador cadastrado terá um cartão magnético com seus dados pessoais e um código que dará acesso a seu prontuário médico. Segundo o secretário Getúlio Hanashiro, serão cadastrados inicialmente os moradores mais pobres.
Entidades de profissionais ligadas à saúde afirmam que a prefeitura não terá apoio do meio médico e que acabará entregando os hospitais para empresas de medicina de grupo. Em debates realizados com servidores municipais da saúde de Pirituba, os participantes disseram ser contrários aos PAS.
A intenção da prefeitura é estender o PAS para outras regiões assim que a primeira experiência se revelar satisfatória. Em dois anos a cidade estaria cadastrada.
O PAS foi elaborado para ser uma espécie de convênio, o que dispensaria aprovação da Câmara Municipal.
Segundo a nota publicada pela Secretaria de Saúde, o PAS garantirá "atendimento digno gratuito 24 horas todos os dias".
Segundo as entidades médicas, o que a prefeitura está anunciando como um grande projeto, é apenas uma exigência da Constituição.
Na carta divulgada na semana passada, as entidades médicas afirmam que o PAS é um plano "desarticulado, pois não estará ligado ao restante da rede de assistência médica". Diz também que é "injusto com os funcionários que não participarem do plano, pois serão transferidos para outro local de trabalho".

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