São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995 |
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Malan admite na Alemanha 'correção extra' no câmbio
ANDRÉ FONTENELLE
Durante café da manhã com banqueiros e empresários alemães, Malan disse que "talvez algumas correções extras sejam exigidas" no câmbio. Mais tarde, na palestra aos empresários na Câmara de Indústria e Comércio de Frankfurt, afirmou que a banda de flutuação atual do dólar, entre R$ 0,88 e R$ 0,93, vai durar "muito tempo". "Ao não adotar câmbio fixo, 'currency board', indexação diária ou flutuação livre, o governo preservou uma margem de flexibilidade. Isso não quer dizer que vá haver mudanças na semana que vem ou em quinze dias; os prazos serão mais longos", disse o ministro Malan à Folha. Após a palestra, Michael Rogowski, presidente da Voith, empresa que forneceu turbinas para a usina de Itaipu, chegou a sugerir uma desvalorização de "pelo menos 25%" do real. Perguntado sobre a proposta, Pedro Malan a qualificou de "absurda". Segundo os empresários alemães que estiveram com o ministro, a supervalorização do real e a espera da reforma constitucional freiam os investimentos da Alemanha no Brasil. À tarde, o ministro teve um encontro de uma hora e meia, a portas fechadas, com o presidente do Bundesbank, o banco central alemão, Hans Tietmeyer. Malan saiu do encontro lacônico. "Estou exausto", justificou o ministro. Disse que ele e Tietmeyer trataram de "todos os assuntos de interesse comum", como a crise mexicana e os movimentos especulativos de capital, mas se negou a comentar a opinião do presidente do Bundesbank sobre esses assuntos. O ministro revelou apenas uma "idéia" que a visita à Alemanha lhe deu. "Eles divulgam a balança comercial com dois meses de defasagem", brincou, dizendo que poderia fazer o mesmo no Brasil. No caso alemão, o atraso se deve a problemas provocados pela unificação das duas Alemanhas. Malan não quis prever quando o país voltará a ter superávit na balança (o que não ocorre desde outubro), mas reiterou que o saldo positivo de 1995 será "razoável". Hoje, em Paris, o ministro deve se encontrar com representantes do patronato francês e com o ministro das Finanças, Edmond Alphandéry. Malan também poderá trazer da França uma lição: a reforma do banco estatal Crédit Lyonnais como modelo para o Banespa. O preço da manga foi um dos temas debatidos na palestra que o ministro deu a 250 banqueiros e empresários alemães na Câmara de Comércio de Frankfurt. Preocupado com a cultura inflacionária no Brasil, um empresário, cuja empresa tem filial em São Paulo, citou um exemplo concreto: "Comprei mangas no supermercado Pão de Açúcar por R$ 7 ou R$ 8. Na Alemanha, a manga importada do Brasil é mais barata". Texto Anterior: BC perto do desfecho Próximo Texto: Imposto maior não eleva receita Índice |
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