São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Três pessoas são chacinadas na Grande SP

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Três pessoas morreram e uma ficou ferida em uma chacina ocorrida ontem às 0h40, numa casa no bairro Santo Antonio, em Francisco Morato (Grande São Paulo).
Esta é a primeira chacina do ano na cidade, que, junto com o município vizinho de Franco da Rocha, totalizou seis chacinas ano passado, com 26 mortos (leia ao lado).
A polícia suspeita de acerto de contas entre quadrilhas de traficantes de drogas. O servente Sebastião Braz de Brito, 31, um dos mortos, já havia sido preso duas vezes por tráfico de drogas.
Outro morto, o entregador Valdir José de Carvalho, 33, estava foragido. Ele havia sido condenado a 15 anos de prisão por roubo a mão armada e posse de drogas. Sua mulher, Sandra Aparecida dos Reis, 29, foi a terceira morta.
A empregada doméstica Sueli Aparecida da Rocha, 31, mulher de Brito, sobreviveu fingindo-se de morta. Ela levou um tiro no braço esquerdo. Sete crianças, entre quatro e 14 anos, dormiam na casa na hora do crime e nada sofreram. Cinco eram filhos de Sueli e dois de Sandra.
Segundo Sueli, ela e o marido estavam na sala de sua casa conversando e bebendo caipirinha com o casal de amigos quando dois homens encapuzados apareceram na porta e atiraram. O tiro acertou Brito, que caiu morto.
Sueli conta que depois os dois homens entraram na casa disparando. Ela fugiu para o quarto onde as crianças dormiam, enquanto o outro casal era morto na sala.
Os assassinos entraram no quarto e atiraram na direção da cabeça de Sueli, acertando o seu braço. "Eu me fingi de morta e eles acabaram indo embora quando um dos meus filhos começou a chorar", afirmou ela.
Sueli afirma que seu marido nunca tinha sofrido nenhum tipo de ameaça. "Depois que saiu da prisão, ele nunca mais se envolveu com drogas", diz.
Ela diz que tem medo de ser morta pelos assassinos do marido. "Eles saíram daqui achando que eu estava morta. Se souberem que estou viva, voltam e me matam."
O delegado Edevaldo José Bragaia, 33, que cuida do caso, descarta qualquer ligação com outra chacina ocorrida no mesmo bairro em novembro do ano passado (leia texto ao lado). "Os dois ocorreram em circunstâncias totalmente diferentes", afirma.

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