São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995 |
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Aguardando o superávit
LUÍS NASSIF
Há um déficit cambial potencial de US$ 15 bilhões, a ser coberto pelo saldo comercial e, complementarmente, por capital financeiro. Mas com um detalhe: o capital financeiro permanece apenas se o saldo comercial for recomposto. O objetivo maior da política econômica será reverter o déficit da balança comercial. A melhor alternativa do governo seria recuperar os saldos via aumento de exportações, sem desvalorizar demais o câmbio e sem aumentar as alíquotas de importação. Com isso, escaparia do xeque cambial sem comprometer a luta contra a inflação. O exportador que rompeu seu contrato de exportação no ano passado levará meses para recuperar a confiança de seus clientes externos ou conquistar novos clientes. Por isso mesmo, só irá dar prioridade às exportações se a demanda interna começar a esfriar. O que obriga o governo a levantar uma segunda perna da estratégia, que são as restrições ao crédito e a elevação de juros. Mesmo assim, levará tempo até que os superávits sejam recuperados. Administrando incertezas O maior problema dessa estratégia é como administrar as expectativas dos agentes econômicos, enquanto essas medidas não surtirem efeito. O sistema de informações sobre a balança comercial não tem consistência e credibilidade para que se possa antecipar os resultados da nova política. Os agentes econômicos só acreditarão que os superávits voltaram após fechada a primeira balança superavitária —o que aumenta o tempo de exposição às incertezas. A questão é que, em lugar de segurança, o governo tem se tornado gradativamente fonte de incerteza. Há muita intriga interna e falta de clareza sobre o comando econômico —ambiente que torna factível qualquer cenário sobre o câmbio. Nos próximos dias, o grande desafio da política econômica será romper essa bolha de desconfiança e permitir ao governo retomar a iniciativa, até que a credibilidade seja restaurada. Causa e efeito Este país tem enorme dificuldade de estabelecer relações claras e de lembrar que foi ele quem acendeu o pavio. E o crucificado por falta de escrúpulos foi Rubens Ricupero... Texto Anterior: EUA apóiam Ruggiero para direção da OMC Próximo Texto: Supermercados querem crescer 15% Índice |
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