São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Novo técnico quer um Corinthians ofensivo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Esse Eduardo Amorim, que assumiu de vez como técnico do Corinthians, é aquele mesmo ponta-meia que despontou na segunda geração de ouro do Cruzeiro, nos anos 70, ao lado de Palhinha e cia., para terminar sua carreira brilhante no Corinthians de Sócrates e Casão no início dos anos 80.
Como jogador, era um sonso: seus movimentos aparentemente lerdos escondiam um reflexo rápido, extrema facilidade no drible, sobretudo o do elástico, que insinua ao adversário a posse da bola, para, num átimo, ver-se dela órfã. E era um cão no cruzo, como dizem os mineiros —a bola alçada na área buscava a cabeça do companheiro, como se imantada fosse. Além do mais, possuía invulgar espírito de solidariedade. Vinha aqui atrás, cercava, combatia, recuperava a bola, armava pelo meio, descaía para a ponta, e, pronto!, lá vinha o cruzo infalível.
Ultimamente andava ali pelo Parque São Jorge, mineiramente silencioso, camuflado de auxiliar do Mário Sérgio. Mas, ao assumir, na esteira da vitória sobre o São Paulo, domingo, mostrou as cartas: quer um Corinthians ofensivo, com Marques de volta e tudo o mais que tem direito.
Esta noite, diante do América, ainda não dará para se conhecer todos os seus planos, já que o Corinthians estará desfalcado de vários titulares. Resta, pois, dar um tempo. Afinal, não dizem que mineiro gosta de comer pelas beiradas?

O Santos, já com a faixa de líder, volta a campo esta noite para pegar o Rio Branco, ainda sob o eco da goleada de anteontem sobre a Ponte.
Como dizia o velho sambista, devagar também é pressa. Principalmente, porque o placar de segunda-feira, na Vila, foi meio ilusório. Nem o Santos jogou tanto para meter 4 a 1 na Ponte, nem esta foi tão estafermo.
Resumindo: não é líder por acaso. Mas também não o é por incontestável superioridade.

Esta é a chance de o São Paulo começar a se reaprumar, diante da Ferroviária. Afinal, o que está faltando ao time? Não creio que seja apenas incorporar o espírito japonês. Se fosse, o Brasil hoje em dia estaria nadando em dinheiro e uma fila de políticos e empresários esperando a hora de praticar o haraquiri. Se Telê fixar Denílson na meia-esquerda; na outra, Palhinha, e Catê na frente, ao lado de Bentinho, ficará com três feras no banco para entrarem no 2º tempo (Alemão, Caio e Juninho). É só organizar a festa.

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