São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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BNDES admite que privatização é lenta

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ritmo do programa de privatização no país é lento, admitiu Elena Landau, diretora de infra-estrutura e privatização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"O ritmo da privatização não é o ideal", disse em entrevista, ontem, em São Paulo. A média do programa tem sido de 629 dias para uma privatização, "um tempo muito elevado", afirmou.
A diretora do BNDES acha, porém, que a lentidão aumenta a confiança da sociedade na transparência no programa de privatização. "Não queremos correr demais, perder a transparência e com isso o apoio da sociedade".
Elena Landau disse, no entanto, que o governo pretende agilizar as privatizações "dentro do regulamento". Entre as medidas para isso, ela citou a maior integração do Executivo e um amplo saneamento financeiro das empresas estatais antes de serem integradas ao programa de privatização.
"O que tenho visto é muito apoio dos governos estaduais, prefeituras, associações dos empregados das estatais e do Congresso, onde nenhum deputado da CPI contra a privatização foi reeleito", disse.
Elena Landau confirmou que a privatização da Light ocorrerá em 1995. Será a maior privatização do ano, responsável por cerca da metade da meta de arrecadação de US$ 4,7 bilhões para o período.
As outras privatizações desse ano serão o Banco Meridional, a Escelsa, as petroquímicas ainda não desestatizadas e a Rede Ferroviária Federal (por arrendamento).
Elena Landau disse que o governo está estudando a permissão do uso das chamadas "moedas sociais", tais como o Fundo de Compensação das Variações Salariais e FGTS na venda da Light.
Elena Landau disse, com relação à privatização da Light, que o "ideal" seria vender, em primeiro lugar, a Light propriamente dita e depois uma outra empresa que incluiria a participação de 47% da Light na Eletropaulo.
Segundo Landau, a negociação para "fazer essa cisão", que, afirmou, "não é fácil por causa de problemas fiscais e tributários", está "adiantada".
Segundo ela, os objetivos do governo com o programa de privatização e de concessões de serviços de infra-estruturta são completar a reforma do Estado, ganhar mais eficiência, reduzir endividamento público, elevar o emprego, melhorar a competitividade da indústria e reduzir o "custo Brasil".

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