São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995 |
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Empresários criticam política salarial
FERNANDO CANZIAN
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mario Amato, disse que o governo "não deve se meter em política salarial. Deveria era estar preocupado em enxugar sua máquina no lugar de mexer em um assunto que acaba sempre perturbando e criando problemas". O empresário defendeu a livre negociação como "única alternativa realista". "Se o governo oficializa determinada política salarial, nos dá autoridade para repassar os aumentos aos preços", disse Amato. As declarações de Amato à Folha foram feitas na antesala de uma reunião onde empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) receberam ontem o ministro do Trabalho, Paulo Paiva. Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro, presidente do Sindicato dos Metalúgicos do ABÁD (CUT), disse que o governo "já está criando problemas demais ao se meter" na política salarial. Guiba criticou a posição do governo de questionar a reposição salarial pelo IPC-r nas datas-base dos trabalhadores. "O governo pode origiar uma greve desnecessária com posições como esta", diz. Guiba também defende a livre negociação desde que os trabalhadores tenham a reposição da inflação nas datas-base. Luiz Adelar Scheuer, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), diz que "o governo deveria estar se ocupando com coisas mais importantes" e defendeu a livre negociação. O diretor do Departamento de Relações Intersindicais da Fiesp, Roberto Ferraiuolo, disse que "não seria saudável" uma nova política oficial. Teste Enquanto os empresários defendiam a livre negociação na Fiesp, ela era testada na prática entre metalúrgicos e empresas do Estado de São Paulo na sede da Anfavea. Representando 350 mil trabalhadores do Estado, o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, Paulo Sergio Alves, apresentou pedido de reajuste de 21,58% para o ABCD (10,53% de IPC-r mais aumento real de 10%) e 29,93% para os do interior (IPC-r, mais 10% real e 6,87% em perdas passadas). A data base é 1º de abril. "O pedido de aumento dos metalúrgicos nesta negociação está fugindo da realidade do Plano Real", disse Antonio de Alcântara, presidente da Comissão de Negociação da Anfavea e funcionário da General Motors. Em resposta à posição da Anfavea, Sergio Alves afirmou que "greves são sempre uma possibilidade de pressão" nestes casos. Alves disse ainda que "não abrirá mão" de reposições mensais dos salários. Reservadamente, a CUT aceitaria a trimestralidade. Gatilho O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (ligado à Força Sindical) fechou mais um acordo que concede "gatilho" salarial. Foi na empresa Erico do Brasil (80 empregados), da zona oeste. Toda vez que a inflação chegar a 10%, o reajuste é automático. O que passar desse percentual acumla para o reajuste seguinte. Texto Anterior: Banerj precisa de 'injeção' de R$ 56 milhões Próximo Texto: Amato alerta para recessão Índice |
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