São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Oposição opta por 'silêncio de resultados'

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos que se opõe à reforma montaram uma estratégia de oposição diferente daquela levada a efeito durante a revisão constitucional em 93/94. Optaram agora pela tática do convencimento dos deputados, ou do "silêncio de resultados".
Tentam mostrar, por exemplo, que as propostas de quebra do monopólio vão prejudicar as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e que o Brasil pode seguir os rumos do México e da Argentina.
"Não há mercado atrativo na região para investimentos pelas empresas privadas nessas regiões", afirma, por exemplo, o líder do PC do B na Câmara, Aldo Rebelo (SP).
Segundo Rebelo, os deputados percebem que essas regiões "serão abandonadas" pelo governo com o fim dos monopólios.
Para convencer o maior número de deputados, a oposição compara o México e Argentina com as propostas de reforma do governo.
Apesar das manifestações públicas de ontem contra as reformas (leia reportagem nas páginas 1-8 e 1-9), a oposição agora aposta mais no trabalho silencioso: "Estamos ganhando. Não estamos querendo marcar posição, mas ganhar. Quando se tem chance de ganhar, se joga em silêncio", disse o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ).
A derrota do governo ontem na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) foi computada pela oposição como mais uma vitória dessa estratégia.
Segundo Teixeira, a tática foi armada na sexta-feira passada, mas só foi descoberta anteontem. Com isso, o governo teve pouco tempo para uma reação.
Ele não revela os nomes nem os números, mas garante que a proposta de quebra do monopólio da Petrobrás será derrotada. "Já conseguimos o número de deputados contrários à emenda", comemora.
Os partidos de oposição definitivamente encerraram o período de trégua. Querem formar um bloco de oposição para ganhar do governo e não apenas criticar o Executivo.
Ontem, os líderes do PDT, PT, PC do B, PPS, PSB e o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, traçaram uma estratégia de trabalho para tentar barrar a reforma.
Os partidos são contrários a todas as emendas enviadas até agora pelo governo ao Congresso.
"Acho que foi normal, em determinado momento, logo que o governo assumiu, termos ficado quietos. Mas, agora, já se percebe que as medidas que eles querem tomar são coisas que vêm para piorar", afirmou Lula.

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