São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Conheça as novas regras

DA REPORTAGEM LOCAL

As alterações técnicas promovidas pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) privilegiam a segurança.
O motor passa a ter 3 litros (3.000 cc), diferentemente de anos anteriores, quando os propulsores contavam com 3,5 litros (3.500 cc). O efeito imediato: uma perda de potência variando em torno de 70 a 100 cavalos de potência (conforme o motor utilizado).
Outra queda de rendimento acontece por causa da abertura feita na tomada de ar dos motores. A medida, que foi colocada em prática no meio da temporada passada, foi melhor regulamentada.
A perda de potência, nesse caso, é estimada em 25 cavalos, já que o ar não é mais forçado contra as cornetas do motor. Mesmo assim, algumas equipes estão estudando alternativas para reduzir esse prejuízo.
No câmbio, o sistema automático foi definitivamente proibido.
Apenas caixas semi-automáticas serão permitidas. Ou seja, o piloto será obrigado a trocar as marchas.
Na parte aerodinâmica, várias modificações foram impostas para que os carros tivessem o efeito do chamado "down force" reduzido. O "down force" é a força vertical que empurra o carro em direção ao chão, aumentando sua aderência à pista.
Esta força é obtida através dos aerofólios, asas, spoilers, enfim, todo o desenho do chassi.
Neste campo, uma das mudanças mais radicais é o aumento do degrau instalado no assoalho do carro. Quando foi adotado, no ano passado, era uma prancha de madeira de 1 cm de espessura.
Agora, além da prancha, o próprio assoalho tem um degrau de 5 cm.
Todo esse espaço permite que o ar passe mais facilmente por debaixo do carro, tornado o "down force" menor e o carro mais instável —mais difícil de dirigir, mais difícil de acelerar.
Quanto ao desgaste da prancha de madeira, ele continuará sendo tolerado até o máximo de 10% (em peso ou em volume).
Isto obriga as equipes a não baixarem em demasia as suspensões de seus carros, já que a madeira seria consumida quando raspasse na pista —por esta razão Michael Schumacher foi desclassificado do GP da Bélgica, no ano passado.
Outras restrições aerodinâmicas aconteceram nos aerofólios dianteiros e traseiros, também responsáveis em manter a aderência do carro.
Na frente, eles agora podem ter um máximo de 20 cm de altura, a partir do assoalho do carro. Antes, a cota era do assoalho até a altura correspondente ao centro da roda dianteira.
Na traseira, as medidas do aerofólio também foram reduzidas. A altura máxima é de 85 cm contados a partir do assoalho (antes eram 96 cm, a partir do chão) e devem estar afastados 15 cm do centro da roda. O resultado, como nos outros casos: um menor "down force".
Quanto ao cockpit, agora ele está bem mais protegido que na temporada anterior. A área deformável (que absorve de forma mais eficiente os impactos) instalada entre as rodas dianteiras do carro deve ter espessura, agora, de 30 cm, contra 15 cm de 94.
Outras áreas deformáveis foram instaladas nas laterais dos cockpits.
As paredes do habitáculo também ganharam em altura, de 40 cm para 55 cm.
O corte do cockpit sofreu alterações: tem que ser arredondado à frente, com 65 cm (contra 50 cm de 94) em sua maior extensão.
Uma mudança que deve alterar muito o ritmo das corridas este ano é a liberação do volume do tanque de combustível, limitado a um mínimo de 200 litros em 94.
A maioria das equipes optou por reservatórios de 120 a 140 litros, sendo que a única equipe a adotar um volume discrepante foi a Pacific, com um tanque de 90 litros.
O maior efeito será o número de paradas nos boxes, já que os carros terão que reabastecer mais frequentemente (em alguns casos, até quatro vezes, dependendo do circuito).

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