São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Deputados vão investigar 'caixinhas'

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Assembléia Legislativa de São Paulo criará uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o envolvimento de policiais e autoridades do Estado com criminosos, e recebimento de propinas para a formação de "'caixinhas".
Na tarde de ontem os deputados começaram a coletar assinaturas para aquela que foi batizada de " CPI do crime organizado".
São necessárias 32 assinaturas de deputados para que se iniciem os trabalhos da CPI. Até as 18h de ontem, segundo a Folha apurou, 30 deputados já haviam se comprometido em assinar a lista.
"Temos um número bastante favorável de parlamentares para o pedido da CPI, o que inclui deputados do PSDB, PMDB e PPR", disse o deputado Elói Pietá (PT). Junto dele, organizam a CPI os deputados Dráusio Barreto (PSDB), Dimas Ramalho (PMDB) e Erasmo Dias (PPR).
Segundo Pietá, a CPI se justifica porque "a apuração de grande parte dos crimes ocorridos em São Paulo mostrou que eles tinham veios na polícia, surgiam dentro da própria instituição".
A CPI pretende centrar fogo, inicialmente, em cinco assuntos: suposta ligação de policiais com o roubo de carros (um carro é roubado a cada cinco minutos em São Paulo); suposta ligação de policiais com o tráfico de drogas (segundo a Polícia Federal, 90% da droga enviada aos morros cariocas sai de São Paulo); suposto acobertamento de roubo de cargas (pelo menos dois caminhões são roubados por dia em São Paulo); suposto envolvimento de policiais com quadrilhas de extermínio de menores; suposto envolvimento de agentes com quadrilhas de roubo de carros-fortes.
Segundo o deputado Elói Pietá, a CPI começa suas investigações a partir dos depoimentos colhidos pela CPI anterior —que tratou exclusivamente do envolvimento de policiais com o jogo do bicho.
A CPI anterior funcionou entre 10 de maio e 13 de dezembro de 1994. Foram tomados 25 depoimentos —14 de policiais e membros do Ministério Público, dez de acusados de participarem da contravenção e outro de um policial acusado de corrupção.
No final da antiga CPI ficou estabelecido que a Assembléia Legislativa deveria investigar as denúncias feitas pelo ex-corregedor geral da Polícia Civil, delegado Guilherme Santana Silva.
A nova CPI vai começar com matrizes de investigação apontadas por Santana em seus depoimentos à CPI anterior.

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