São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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"Pérola" leva o interior paulista ao Rio

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Peça: Pérola
Autor/diretor: Mauro Rasi
Atores: Vera Holtz, Anna de Aguiar, Sergio Mamberti, Emilio de Melo, Sonia Guedes, Edgar Amorim
Quando: estréia amanhã; de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 20h
Onde: Teatro Leblon (rua Conde de Bernadotte, 26, Leblon, zona sul, tel. 021/294-0347)
Quanto: R$ 15,00 (quinta e domingo); R$ 18,00 (sexta e sábado)

Com sua nova peça "Pérola", o autor e diretor Mauro Rasi ("A Cerimônia do Adeus", "A Estrela do Lar") está de volta com seu universo familiar do interior paulista, que em suas mãos costuma ganhar ares cosmopolitas.
A peça, que estréia amanhã no teatro Leblon, é um melodrama sobre uma mãe de família que está construindo uma piscina em sua casa —um símbolo de status.
A peça é mais um mergulho de Rasi nas reminiscências de sua vida em Bauru, cidade que deixou aos 18 anos. Pérola era sua mãe, que faleceu há um ano e meio.
O trauma da morte da mãe fez o autor mudar o sentido do texto que vinha escrevendo. Até então, era uma comédia. Após a morte de Pérola, a história virou um melodrama sobre a construção da piscina, em que as picuinhas do cotidiano ganham dimensões operísticas.
Há o marido que não conseguiu enriquecer, a tia que nutre sentimentos de vingança pela irmã, a filha que casa-se com um pastor evangélico e o filho (alter ego de Rasi) que, apesar de tudo, tem um olhar carinhoso com a família.
Rasi pouco fala de sua nova montagem, evitando entrar em detalhes sobre "Pérola". "Acho muito antipático um autor falar de seu trabalho", afirma.
Para ele, é um tormento ver publicado "um resumo" de um extenuante trabalho autoral. "É como resumir a 'Comédia da Vida Humana', de Balzac. É horrível."
Com seis personagens e 1h40 de duração, "Pérola" é um trabalho que não se prende a fatos que necessariamente tenham existido.
Em sua releitura do interior paulista, Rasi muda os dados da realidade. "Sou um mentiroso. O texto é tão autobiográfico como falso, por isso tão verdadeiro", diz.
O cenário, de Gringo Cardia, é uma grande piscina em construção no quintal da casa de Pérola, num clima "kitch" dos anos 50.

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