São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Polícia acha em coma 50 adeptos de seita japonesa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia japonesa encontrou 50 pessoas em coma e 34 recipientes de um produto tóxico ao invadir, na manhã de ontem, uma das sedes da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade).
O grupo religioso é o principal suspeito dos atentados terroristas com gás venenoso cometidos simultaneamente em 16 estações do metrô de Tóquio na segunda-feira.
As três linhas atingidas serviam a área dos ministérios na capital.
Com a morte de mais duas pessoas que estavam hospitalizadas, o saldo do ataque subiu ontem para 10 mortos e mais de 5.000 pessoas intoxicadas com o gás de nervos sarin, criado na Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial.
Mais de 3.000 policiais participaram da operação de ontem, na qual 25 prédios de quatro complexos pertencentes à Aum Shinrikyo foram invadidos em três cidades.
No complexo da seita na aldeia de Kamiku-Isshiki, 100 km a leste de Tóquio, os policiais encontraram 34 recipientes de acetonitrila, ou cianeto de metila, um produto tóxico que pode ser usado na fabricação de sarin.
Vestígios de acetonitrila haviam sido encontrados nas estações de metrô atingidas pelo atentado.
Nos templos de Kamiku-Isshiki também havia 50 pessoas em estado de coma. Segundo a polícia, elas sofriam de subnutrição.
Seis das pessoas encontradas nos templos disseram aos policiais que estavam sendo mantidas ali contra a sua vontade.
Uma mulher de 23 anos, originária de Yokohama, afirmou que havia sido sequestrada por membros da seita.
Cinco integrantes da Aum Shinrikyo foram presos no local, entre eles três médicos.
Além de Kamiku-Isshiki, também foram invadidos dois complexos da seita em Tóquio e a principal sede da organização, em Fujinomiya, no sopé do monte Fuji.
Oficialmente, a operação contra a seita não está relacionada aos atentados de segunda-feira, mas ao sequestro de Kiyoshi Kariya, 69.
Irmão de uma mulher que teria tentado deixar a Aum Shinrikyo depois de doar os bens da família para a seita, Kariya foi visto sendo forçado a entrar em um furgão perto de sua casa em Tóquio, em 28 de fevereiro, por quatro homens.
Kariya não foi encontrado nos prédios invadidos pela polícia. Um oficial afirmou que a descoberta dos recipientes de acetonitrila e das pessoas subnutridas deverá levar à intensificação das investigações sobre a seita.
A suspeita sobre o complexo de Kamiku-Isshiki está relacionada a outro incidente envolvendo sarin, em julho do ano passado, quando vestígios do gás foram encontrados nos templos.
Em nenhum dos locais invadidos ontem a polícia encontrou Shoko Asahara, principal líder da Aum Shinrikyo, que fundou o grupo em 1987.

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