São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995
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Vegetação da reserva guarda resquícios da seca

MARIA DANIA JUNGES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nos capões de Mata Atlântica, com espécies de porte como a figueira, há pica-paus, bem-te-vis, rabos-de-palha, canarinhos-da-terra e gaviões —sempre na espreita, nos galhos mais secos.
Há também orquídeas, bromélias e barbas-de-pau que recobrem todos os galhos das árvores. A vegetação do Taim ainda guarda resquícios da época que era seca e quente —o que testemunha muito bem o cáctus encontrado por lá.
As dunas nuas —que o vento teima em mudar de lugar, ou acoberta de vegetação mais abundante— estendem-se até junto da linha do horizonte. Em alguns lugares até onde inicia o céu azul e límpido, que agride os olhos.
Para os ecologistas e pesquisadores das universidades envolvidas em estudar o banhado do Taim, os perigos que a reserva enfrenta continuam sendo a caça desportiva, a depredação da fauna para a venda de peles e a invasão da agricultura e pecuária, além da pesca comercial.
Em vista disso, o veado-do-banhado, a ema e a onça já desapareceram da região. "Estuda-se a possibilidade de reintroduzir essas espécies na reserva" diz o fiscal do Ibama, Alfredo Teixeira de Oliveira, grande conhecedor do Taim e apaixonado pela região.
Ele também explica que o atropelamento de animais, principalmente capivaras, que atravessam a BR-471 nos 18 quilômetros que ela corta a reserva, outro problema do parque, poderia ser resolvido com a colocação de quebra-molas.
Afora os problemas, o banhado do Taim é lugar de muita planura e beleza. O entardecer e o amanhecer na região são monumentais pelas cores, silêncio e sensação única de estar num santuário ecológico com temperatura média anual de 18oC, onde o equilíbrio da natureza é total.
Na vila do Taim, a 5,5 km da sede da reserva, é possível fazer refeições simples, mas gostosas.
No mais, é aguçar a visão para não perder nenhum lance, porque a natureza explode rápida a toda hora e em todos os lugares, seja no corpo molhado e reluzente da ariranha, na pele nodosa do jacaré ou no levantar vôo magistral do cisne-de-pescoço-preto.
(MDJ)

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