São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 1995 |
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Taim é patrimônio natural do Estado
MARIA DANIA JUNGES
Ali o turista vai se fartar com os horizontes sem limites, entremeados de muita água e verde, onde as noites são límpidas e estreladas e o silêncio e a brisa, constantes. Os passeios a pé pelos campos encharcados de água e tomados pelas aves que ladeiam o banhado, ou a bordo de pequenos barcos de alumínio, fazem o pensamento perder-se na comunhão perfeita da natureza, senhora da região. Localizado nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Rio Grande, próximo à fronteira com o Uruguai, a 370 quilômetros de Porto Alegre, o Taim margeia a BR-471, que liga a capital gaúcha ao Chuí, extremo sul do Estado. O Banhado do Taim situa-se entre o oceano Atlântico e a lagoa Mirim e seu ecossistema ainda congrega as lagoas das Flores, Mangueira, Caiubá e Jacaré. Com 328,15 km2 de superfície, conjugando praias oceânicas, banhados, lagoas, capões de Mata Atlântica, dunas e restinga, a Estação Ecológica do Taim, é o maior patrimônio natural do Estado. Criada em 1978 e protegida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), a reserva é refúgio de rica fauna e flora regionais identificadas pelas equipes de pesquisa da Fundação Universidade do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os pesquisadores catalogaram 230 espécies de pássaros, 70 de mamíferos e 60 de peixes. Nessa exuberante fauna, encontram-se pacíficas e rechonchudas capivaras —que vivem nas margens do banhado—, lontras ligeiras, jacarés-de-papo-amarelo, tartarugas preguiçosas, além de ariscos gatos-do-mato e ratões-do-banhado. Lá também vivem peixes como o pintado, a traíra e o jundiá. Da grande quantidade de aves aquáticas que migram da Argentina, Uruguai e Chile para o Taim, muitas já fixaram residência, caso dos mergulhões e alguns cisnes. Os cisnes-de-pescoço-preto (único cisne verdadeiro existente na América do Sul), em vias de extinção, encontraram no Taim o ambiente ideal para realizar a muda de penas e a nidificação. O mesmo acontece com os marrecões da Patagônia. Belos colhereiros, maguaris, garças, biguás e flamingos enchem o céu de cores quando vêm acasalar aos bandos. Constroem seus ninhos na primavera e no início do verão aparecem os filhotes sem penas, que serão nutridos com o rico alimento que o Taim oferece. Texto Anterior: Aparelho auxilia fazendeiros e caminhoneiros Próximo Texto: Vegetação da reserva guarda resquícios da seca Índice |
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