São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 1995
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Secretário afirma se sentir 'inseguro'

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Secretário da Segurança Pública do Estado, general Euclimar Da Silva, disse ontem que o Exército voltará às ruas do Rio e que não se sente seguro na cidade.
"Se eu me julgasse seguro seria louco, e uma coisa que eu acho que não sou ainda é louco. Todos nós estamos inseguros, não vou querer criar uma filosofia abstrata e dizer —eu estou seguro", disse.
Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo, em janeiro de 95, Da Silva rompeu o silêncio e anunciou uma nova fase na política de segurança do Rio.
Essa mudança, disse ele, será marcada pelo enfrentamento entre policiais e quadrilhas. "Nos dêem tempo. Temos mortes, não é um bom parâmetro, mas é uma prova de enfrentamento", afirmou.
Garantiu que a volta do Exército às ruas está "acertadíssima" e pode acontecer "a qualquer momento", mas não disse quando. Afirmou ainda que, se dependesse dele, a volta seria imediata.
"Não falta nada para essa volta. Todas as gestões estão feitas, mas não sou eu que vou declarar", afirmou.
Foram capturados os homens acusados de chefiar o tráfico nos morros do Encontro e da Mangueira e um suspeito de participar da tentativa de sequestro do empresário Marcelo Maurício, na semana passada. O empresário reagiu e acabou morto.
"Vocês acham que tudo isso foi por acaso? Isso é o resultado do nosso trabalho de inteligência, que está começando a funcionar", afirmou.
Ele citou outros pontos da estratégia de contra-ataque da polícia ao recrudescimento da violência no Rio:
1) grandes operações da Polícia Civil nos bairros, como as que aconteceram ontem e anteontem na zona oeste da cidade;
2) recuperação e renovação da frota de carros, equipamentos e armamentos;
3) uso de mais 400 soldados do Exército no Batalhão de Operações Especiais, além de outros 600 que já haviam sido cedidos;
3) empréstimo das armas recolhidas com traficantes aos policiais, com ajuda da Justiça (normalmente, as armas apreendidas ficam acauteladas, como provas do inquérito e não podem ser utilizadas);
4) implantação, em toda a área de segurança, de um sistema de comunicação militar: o C3I (Comunicação, Comando, Controle e Inteligência).
O objetivo é ampliar para mais de mil rádios a rede de comunicação entre as viaturas policiais e os centros de controle. O sistema começou a ser implantado em 1991.
Um carro da Polícia Civil, por exemplo, terá comunicação com o centro da Polícia Civil e com todos os outros, com a Secretaria de Segurança e com carros da Polícia Militar ou dos Bombeiros.
O canal de comunicação será protegido pelo sistema de criptografia, uma espécie de equipamento para "misturar vozes" e evitar escutas clandestinas.

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