São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"A orientação é prender, não atirar"

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, disse ontem que a orientação da polícia no governo Covas é prender, não é atirar.
O secretário afirmou que a média mensal nos dois primeiros anos do governo Fleury do número de pessoas mortas pela PM foi maior que a de janeiro e fevereiro últimos.
Em 1991, a PM matou 89,7 pessoas por mês. Esse número foi de 121,6 em (92). Nesse ano, chegou a 68. "Se considerarmos os dois últimos anos do governo Fleury, podemos admitir que houve um aumento nos dois últimos meses."
Silva disse que sua preocupação não é fazer um confronto estatístico com o governo Fleury, mas resolver o problema. Ele disse que todos os casos de mortes estão sendo apurados.
"Pedi à corregedoria e ao comando da PM que sejam feitas apurações rigorosas para que sejam investigados aqueles casos em que, efetivamente, houve excesso."
Silva mandou, na semana passada, um ofício para os coronéis Claudionor Lisboa, comandante da PM, e Edilberto Ferrarini, comandante da Corregedoria da PM, pedindo explicações para o aumento do número de mortes.
Silva afirmou que pretende que a polícia seja um órgão de defesa da cidadania. "O PM tem direito à legítima defesa. Quando exorbitar seu direito, será rigorosamente punido, pois, nesse caso, estaremos tratando com um criminoso."
Ouvidoria
A PM irá criar até junho o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC-PM) através do telefone 0800-154040. As ligações serão gratuitas. Cinco telefones irão atendê-las.
O plano é fazer o serviço funcionar das 8h às 18h atendendo queixas e sugestões da população sobre os serviços prestados pelos policiais militares.
À noite, o público será atendido por uma secretária eletrônica.
Inicialmente, o SAC-PM será instalado na Grande São Paulo. Em seguida, o serviço, uma espécia de ouvidoria, será espalhado pelo interior.
A PM quer desafogar o telefone de emergência 190 que, atualmente, recebe esse tipo de telefonema.
O coronel Roberto Lemes da Silva, 50, diretor de Comunicação Social da PM, disse que a PM tem sido clara ao abrir as portas da corporação, não só para a OAB-SP, a fim de mostrar que a PM não mascara nada.
"Os números sobre mortes em confronto com PMs são verdadeiros. Não podemos falar, com base em dois meses, que haverá aumento do número de civis mortos em confronto com policiais militares em 95."

Texto Anterior: Rapazes dizem ter sido torturados por policiais
Próximo Texto: Ribeirão tem pior delegacia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.