São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
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Cristovam recua e admite saber de ajuda a protesto

CYNARA MENEZES

CYNARA MENEZES; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), reconheceu ontem saber da ajuda aos manifestantes que participaram do protesto contra a reforma constitucional na última quarta-feira, em Brasília.
Cristovam voltou atrás e disse que pretende pagar a dívida com a compra das 10.500 marmitas junto ao Sesi "se não houver impedimento legal". "Se for legal, sem dúvida, vamos pagar. Se não for, não pagamos", disse.
Ele também disse que não vai demitir o secretário responsável pela aquisição dos alimentos, Eurípedes Camargo. Para Cristovam, "ele não errou" ao empenhar seu nome na compra das marmitas.
"Ele deveria é ser cumprimentado porque resolveu o problema que lhe dei, de arranjar alojamento para estas pessoas carentes e não deixá-las passar fome", disse o governador, admitindo estar informado de tudo.
Anteontem, o secretário de governo, Hélio Doyle, disse que a compra de alimentos fora feita "à revelia do governador".
Cristovam disse ainda que "se for preciso dar outro cafezinho" para manifestantes, "a favor ou contra" seu governo, voltará a dar. "Não vejo nenhum constrangimento ético nisso. Se vierem manifestantes a favor do governo Fernando Henrique, também vou ajudar."
Dirigentes da CUT e da CMP (Central de Movimentos Populares), organizadores do protesto, disseram ontem que não vão pagar as despesas do GDF (governo do Distrito Federal) com alimentação e alojamento dos manifestantes e que Cristovam sabia dos gastos.
"O governador esteve reunido conosco duas semanas atrás e disse que não haveria problema em alojar e alimentar o pessoal das caravanas", disse o presidente da CUT-DF, José Zunga.
Para Zunga, "a postura do governo é muito confusa". Ele disse que as entidades não vão pagar a dívida de R$ 38 mil contraída junto ao Sesi com a compra de alimentos. "Se o governo assumiu a responsabilidade da compra, terá que pagar. Não vamos aceitar a transferência da responsabilidade para nós", disse Zunga.
José Albino de Melo, membro da executiva da CMP, disse que a entidade só pretende discutir o assunto "se for comprovado que não há meios legais para o governo assumir o pagamento".
Os dois dirigentes desmentiram ainda a declaração do governo de que a cessão de 10 quilos de café e 40 de açúcar pela Polícia Militar tenha sido feita mediante empréstimo. "O café e o açúcar foram doados", disse Melo.

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