São Paulo, sábado, 25 de março de 1995
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Selo Erudito prioriza o repertório brasileiro

Gravadora se dedica a autores e intérpretes do Brasil

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo tem um novo selo dedicado exclusivamente à música erudita de compositores brasileiros, interpretada por artistas brasileiros.
O novo selo chama-se Erudito e já acertou com Clara Sverner e o Quinteto Villa-Lobos. Nos planos estão ainda Marcelo Bratke e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
O primeiro pacote da nova gravadora, com cinco discos, deve chegar às lojas em junho.
Os dois primeiros CDs já estão definidos. A pianista Clara Sverner entra no estúdio em abril para gravar "Villa-Lobos e as Crianças".
O Quinteto Villa-Lobos grava um disco dedicado a compositores como Henrique Oswald, Guerra Peixe, Radamés Gnatalli e Ronaldo Miranda, entre outros.
"Villa-Lobos e as Crianças", que será o 21º disco da carreira de Clara Sverner, traz uma seleção da própria pianista para as obras do "Guia Prático" —oito volumes de cantigas brasileiras compiladas por Villa-Lobos.
"São obras simples, porém maravilhosas, que marcaram nossa infância, como 'Ciranda, Cirandinha' e 'Meu Limão, Meu Limoeiro' ", diz Sverner.
A pianista não participa apenas com sua gravação. Sverner, junto com nomes como Amaral Vieira, Eleazar de Carvalho e Ronaldo Miranda, faz parte de um conselho consultivo que vai auxiliar a gravadora na escolha de intérpretes e repertório.
"É fundamental a participação de gente especializada para dar credibilidade ao projeto", diz Tadeu Valério, diretor-geral do Erudito.
A idéia da gravadora é abastecer o mercado com lançamentos regulares de música erudita brasileira. "O mercado não é enorme, mais existe", afirma Oswaldo Gurzoni Filho, dono do selo.
"O mercado brasileiro de música erudita é grande, mas está fascinado pelos olhos azuis da casa grande do Primeiro Mundo. Nossa intenção é trazer ao público brasileiro a música de senzala", completa Valério.
Para isso, a gravadora conta com a sede de 1.500 metros quadrados dos Estúdios Veridiana, de propriedade de Gurzoni há sete anos, com dois estúdios e uma sala de masterização.
"Os estúdios já foram da RCA Victor. Possuímos, portanto, toda a infra-estrutura de gravação", afirma Gurzoni.
Para completar o pacote de discos inicial, e selo está em negociações com o violonista brasileiro Fábio Zanon e a Banda Metal Brasil. Além disso, está tentando acertar com a gravadora inglesa Olympia o lançamento no Brasil dos discos do pianista Marcelo Bratke.
"Bratke também está fazendo um projeto de discos para o Erudito", diz Valério.
Além do Olympia, a gravadora pretende fazer parcerias com os selos Leman Classics (Suíça), New Albion Records (EUA) e GHA Records (gravador a belga pela qual grava o Duo Assad).
O selo também busca um trabalho conjunto com a Universidade Livre de Música. "O diretor da ULM, Aílton Escobar, é membro do nosso conselho de notáveis", diz Valério.
Mas o grande projeto da gravadora é um disco com a Orquestra Sinfônica do Estado, regida por Eleazar de Carvalho. "O Eleazar não é mais tão jovem e deveria fazer isso logo", aconselha Clara Sverner.

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