São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Superávit é essencial ao plano

JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os superávits na balança comercial voltaram a ser fundamentais para a tentativa de assegurar a manutenção do Plano Real. Entenda por quê:
O balanço de pagamentos do país, que representa todo o movimento financeiro, de mercadorias e serviços do país com o mundo, é composto por três grandes contas.
A balança comercial é o resultado do movimento das exportações e das importações.
A balança de serviços quantifica o que o país paga ou recebe de fretes, lucros e dividendos, juros pagos por empréstimos e compromissos contraídos no exterior.
A balança de capitais expressa os investimentos diretos externos feitos no país (para construção de fábricas, por exemplo), os empréstimos e financiamentos recebidos.
A grosso modo, hoje, a situação é a seguinte: há um déficit estimado entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões na balança de serviços. Estes gastos são de certo modo dados e incomprimíveis.
Há a perspectiva de se obter um saldo positivo de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões na balança de capitais. Considerando-se apenas estas duas contas, haveria um rombo de cerca de US$ 11 bilhões a US$ 13 bilhões a ser coberto. Uma parcela deste dinheiro pode ser refinanciada, como, por exemplo, na renovação de títulos emitidos por empresas brasileiras no exterior. A maior parte dos economistas trabalha com um rombo de US$ 10 bilhões.
Se o país repetisse o desempenho da balança comercial de 94, de US$ 10,9 bilhões, a conta estaria zerada. Se o resultado de 95 for positivo em US$ 6 bilhões, restariam US$ 4 bilhões a serem pagos com o dinheiro das reservas internacionais, o dinheiro em moeda forte que o governo acumulou para honrar seus compromissos.
E quanto menor for o saldo comercial mais o governo terá de dispor de suas reservas. Quanto menos reservas, mais vulnerável fica a capacidade de pagamento do país e mais difícil fica para ele continuar a receber empréstimos, financiamentos e investimentos externos.
(JRC)

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