São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Atraso industrial beneficia os mecânicos

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A temida substituição do trabalho humano por máquinas —motivo de previsões apocalípticas desde o início da industrialização— ainda não está afetando o mercado de trabalho para os profissionais da área de mecânica.
No Brasil, ao contrário da maioria dos países industrializados ou em desenvolvimento, técnicos e engenheiros terão cada vez mais oportunidades de trabalho.
Uma das principais causas desse otimismo é a dimensão da demanda reprimida no país, onde grande parte da população não tem acesso aos bens de consumo.
Com estabilidade econômica e melhor distribuição de renda, especialistas prevêem grande aumento de consumo e consequente crescimento do parque industrial.
O primeiro "surto" de contratação deve começar por profissionais especializados em mecatrônica —justamente a área responsável pela automação industrial (acompanhe os números da profissão quadro ao lado).
Profissionais substituídos por robôs ou por processos automatizados de produção vão encontrar colocação em pequenas e médias indústrias —que também tendem a proliferar nos próximos anos.
Os principais campos de atuação de um engenheiro mecânico são as indústrias —têxteis, metalúrgicas, siderúrgicas, agrícolas e automobilísticas.
Ele pode trabalhar no desenvolvimento e otimização de processos de produção, na elaboração e coordenação de projetos de equipamentos e instalações mecânicas. Pode ainda atuar na montagem e manutenção de máquinas, motores, veículos etc.
Para exercer a profissão, o engenheiro precisa ter registro no MEC (Ministério da Educação e Cultura) e no Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo).
Segundo o Crea, existem 25 mil engenheiros mecânicos registrados no Estado. Anualmente, cerca de 2.000 novos profissionais filiam-se à entidade.
Em países desenvolvidos, existem em média sete técnicos para cada engenheiro. No Brasil, são três engenheiros para cada técnico.
Por conta desse desequilíbrio, uma pesquisa do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), feita em 94, concluiu que os técnicos serão os profissionais mais procurados pela indústria.
A disparidade entre o número de técnicos e de engenheiros também pode explicar o aproveitamento dos alunos da Escola Técnica Federal de São Paulo.
Ela oferece cursos profissionalizantes de 2º grau gratuitos. "Posso afirmar que 100% de nossos alunos encontram emprego", afirma Francisco Gayego Filho, 53, diretor da escola técnica.
No último "vestibulinho", 2.200 candidatos disputaram as 280 vagas do curso de mecânica.
"O mercado já está aquecido e deve melhorar até o fim do ano", diz Gayego. "Qualidade total e automação de manufatura são áreas em alta", avalia.
Terão mais chances na profissão de mecânica os técnicos com bons conhecimentos de informática, eletrônica, processos de fabricação e funcionamento de máquinas.

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