São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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A semana passada, no fim da semana (2)

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

Não há período mais melancólico que o início da noite de domingo. É quando realizamos o término de dois dias de repouso e lazer, e a aproximação de problemáticos e cansativos dias úteis. Para fugir à dor na alma, convém usar a sábia receita de Walter Franco: "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo". Acrescento: e desligar a televisão.
A programação exibida nesse horário, pelo menos a de maior audiência, não muda há tanto tempo que ficou, para muita gente, associada à angustiante expectativa da segunda-feira. E, se por feliz acaso nos esquecemos da abominável, basta um som familiar vindo da TV: é como a trombeta do quarto anjo do Apocalipse, anunciando o escurecimento dos astros.
Muitos devem se lembrar que, já nos anos 70, causava arrepios ouvir a música-tema de "Os Trapalhões", o "Olhe bem, preste atenção ..." do "Fantástico", e a gritaria do auditório de Silvio Santos. Desde então, apenas "Os Trapalhões" —recentemente— saíram do ar, e o que apareceu de "novidade" ("Faustão" e "Show do Esporte") está no ar há tempo mais que suficiente para se enquadrar no ritual pavloviano. E pouco adianta procurar alternativa, entre os canais "pesos leves", para os sorteios, cacetadas e "quem quer dinheiro": mesmo a Cultura, nesse horário, não é nenhuma "marca de lavadora" (não gosto de merchandising).
Não me iludo: tudo permanecerá do jeito que tem sido, por isso só há um recurso, Madalena: deixar de ver e acabou. Melhor alugar um vídeo, dar corda às relações humanas ou —por supuesto— ouvir Gilberto Gil.

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