São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Globo e Abril disputam mercado da TV paga com novos canais e parceiros

DA REPORTAGEM LOCAL

Novos canais, parceiros estrangeiros, acusações mútuas e explosão no número de assinantes. A indústria da TV paga pega fogo este ano e escancara a disputa entre Globo e Abril pelo mercado.
Não se trata de um mercado qualquer. O número de assinantes deve subir, em um ano, de pouco mais de 400 mil para 1,2 milhão.
As perspectivas para o futuro são ainda melhores. O diretor-geral da Net Brasil (controlada pela Globo), Antonio Athayde, estima que poderá haver 10 milhões de consumidores de TV paga no Brasil no ano 2000.
Marcos Amazonas, diretor de programação da TVA (cujo principal acionista é a Abril), acredita que essa cifra corresponde ao mercado potencial brasileiro. Não crê porém que, por dificuldades operacionais, chegue-se a mais de 6 milhões da assinantes ao cabo dos próximos seis anos. Destes, ele pretende abocanhar ao menos 2 milhões.
Não se tratam de competidores quaisquer, tampouco. Estima-se que Net Brasil e Globosat já sorveram US$ 60 milhões dos cofres da Globo. O Grupo Abril pode ter dispendido mais de US$ 100 milhões com a TVA.
Não são só as cifras que impressionam, mas também o prazo de retorno do investimento. Uma operação de cabo, por exemplo, atinge o ponto de equilíbrio em três anos e se paga apenas ao final de outros quatro.
A Abril amealhou como sócios o Chase Manhattan Bank, General Motors, ESPN e HBO. A Globo acertou parcerias com grupos argentinos nas suas operadoras de cabo. E com estúdios norte-americanos no seu canal de cinema.
TVA e Globosat prometem, cada uma, três novos canais para este ano, cujo conteúdo ainda mantêm em sigilo.
A expectativa é que, em breve, o número de canais disponíveis passe de 30 para mais de uma centena. Para tanto, Net e TVA correm atrás de novas tecnologias, como a banda Ku e a compressão digital de imagens.

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