São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Lula e Brizola se unem contra reformas

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

As cúpulas do PT e do PDT decidiram ontem, durante encontro de Luiz Inácio Lula da Silva com Leonel Brizola, criar uma frente de mobilização popular contra as reformas constitucionais pretendidas pelo governo.
Participaram da reunião de duas horas e meia no apartamento de Brizola (Copacabana, zona sul) dirigentes dos PT (Rui Falcão, Luiz Eduardo Greenhalgh, Plínio de Arruda Sampaio e Benedita da Silva) e PDT (Miro Teixeira, Neiva Moreira, Vivaldo Barbosa e Luiz Alfredo Salomão).
Brizola e Lula farão contatos com políticos de outros partidos e entidades da sociedade civil, tentando repetir a mobilização popular das "diretas já" (1984), contra as reformas.
Em abril, os dois deverão estar em atos públicos, sem data marcada. A estratégia é atrair outros políticos para que a ação não seja caracterizada como a de derrotados nas eleições de 94.
As bancadas do PT e do PDT no Congresso vão montar um banco de dados sobre as reformas. "As medidas do governo e o que ocorre no México são muito mais graves do que as divergências entre os dois partidos", disse Lula.
Lula e Brizola não querem caracterizar o movimento como uma luta contra reformas, mas por "reformas populares".
"O Brizola foi exilado em 64 por defender reformas", afirmou Lula, defendendo "a reforma agrária, uma política agrícola, distribuição de renda e plano de desenvolvimento".
"Ninguém é mais pelas reformas do que eu, mas querem quebrar o monopólio público para criarem monopólios privados", disse Brizola.
O pedetista admitiu que a aproximação com Lula pode resultar em alianças. "Seria afortunado para o país se isso ocorresse", disse.
Brizola, que na sexta-feira recebeu no Rio os senadores Pedro Simon (RS) e Roberto Requião (PR), do PMDB, disse que telefonaria ontem para o governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), que se encontra amanhã com Lula.
TOMA LÁ, DÁ CÁ
"Ele seria capaz de pisar no pescoço da própria mãe para ser presidente"
(Lula, dez.85)
"Agora percebo que qualquer diálogo entre nós seria impossível."
(Brizola, jan.86)
"Se o Brizola for para São Paulo, venho para o Rio."
(Lula, jun.86)
"Esse Lula é um bobalhão."
(Brizola, jan.87)
"Sempre tratei o Lula bem, mas ele, quando toma umas canas, vem em cima de mim."
(Brizola, out.89)
"Tenho uma pesquisa que mostra que 53% do partido dele (Brizola) vai votar em mim num possível segundo turno. (...) O velho caudilho vai ter que engolir o velho sapo barbudo."
(Lula, jun.93)
"O Lula já tem até um visual de direita: fuma charuto, está gordo e não trabalha. Está se aproximando rapidamente de uma prática de direita."
(Brizola, abr.94)

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