São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Ofensiva

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique junta os líderes e "prepara a ofensiva para fazer a reforma", diz a Manchete. Mas são os mesmos líderes que já mostraram ter bem pouca liderança junto aos seus liderados. E a estratégia de lotar o Congresso de ministros —sete deles vão dar as caras, esta semana— já provou não dar certo; ninguém ali quer ser convencido por argumentos.
Pior, o encontro de ontem foi só para PFL, PMDB e PSDB. Os demais, os mesmos PTB, PP e PL das crises de ciúmes no início do governo, ficaram para depois. Segundo o líder do governo no Congresso, a exclusão deles foi para ter "maior produtividade e mais facilidade na conversa".
Pior ainda, no mesmo dia em que o presidente preparava a "ofensiva" com os partidos que formam a base do governo, "o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Michel Temer, pregava resistência à reforma da Constituição", segundo a Rede Bandeirantes, ontem.
Pior ainda, "Lula e Brizola formam uma frente de oposição ao governo", na manchete do SBT. Ou "Lula e Brizola se unem para combater a reforma constitucional", na descrição da Cultura. "E outros líderes podem aderir", na CBN.
O momento ainda não é de ofensiva em favor das reformas —mas contra as reformas.

Colapso paulista
Não é a primeira rebelião de presos deste governo de São Paulo. Ontem mesmo, surgiu e acabou uma outra rebelião na capital, por "superlotação", disse a Globo. Mas a rebelião de Tremembé é desde já a mais traumática. "Crianças estão nas mãos dos bandidos", disse com urgência a Globo.
Talvez agora o governador se convença de que o quadro é de urgência urgentíssima, nos presídios em colapso —e que a justificativa de estar em início de governo já não basta.
Justificativa, aliás, que era dada ontem pela secretária de Educação, para pedir tempo aos professores em greve. Não convenceu nem o âncora do SP Já, que espelhava a angústia geral. "Os pais e mães sentem até calafrios de pensar numa outra greve de 20, 30 ou até 79 dias, como foi a de 93."
Chegou a pedir, angustiado: "É de se esperar compreensão dos professores, porque é um transtorno para a vida de seis milhões e meio de alunos."

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