São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Safra ajuda consumidor

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A chegada da safra sempre é período de queda de preços agrícolas e de pouca pressão destes nos índices inflacionários. Este ano, apesar da colheita recorde, esta tendência pode não ocorrer logo no período da safra.
A previsão é de Heron do Carmo, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A colaboração que os alimentos tinham a dar na derrubada da taxa de inflação já ocorreu nos últimos três meses. As variações de preços nos próximos meses não devem ser significativas, afirmou o economista.
Se os efeitos serão pequenos no primeiro semestre, o mesmo pode não ocorrer no segundo, período de entressafra agrícola. A safra recorde deve elevar o volume dos estoques.
A passagem do final de 95 para o início de 96 pode ser tranquila, como foi a de 94 para 95.
A previsão de crescimento da demanda com o corte brusco na taxa da inflação, somada às perspectivas de uma safra ruim devido ao atraso do plantio, levou muitos cerealistas a especular com estoques, segurando grande volume para o final de ano.
A demanda foi grande, mas os estoques nacionais, somados aos importados, principalmente no caso de arroz, inibiram reajustes. No início deste ano, quando já se previa boa safra, os preços caíram ainda mais.
Heron do Carmo diz que as pesquisas da Fipe constataram recuo de 8,3% nos preços dos cereais pagos pelos consumidores de dezembro de 94 a fevereiro de 95.
Os produtos semi-elaborados ficaram 6,8% mais baratos. A maior queda foi das carnes (-12,1%). A inflação no período foi de 3,4%.
Na passagem de 93 para 94 os preços agrícolas tinham seguido a tendência normal para este período do ano, ou seja, de alta. Os alimentos subiram de dezembro de 93 a fevereiro de 94, em média, 8% mais que a taxa de inflação.
O crescimento da safra está ocorrendo em produtos de peso na composição do índice. Carmo diz que o item de maior influência na inflação são as carnes. O aumento das safras de milho e de soja, dois componentes importantes na ração animal, pode ajudar a conter os preços.
No cálculo da Fipe, de cada R$ 100 gastos pelos paulistanos, R$ 6,87 são com carnes. O arroz participa com R$ 1,70 neste total e o feijão, com R$ 0,71. O leite tem peso maior, com R$ 2,53.

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