São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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"Nós somos esquecidos"

DA AGÊNCIA FOLHA

Nos arredores da fazenda União, de Robert Krasnow, dezenas de pequenos agricultores esperam as chuvas para plantar feijão e milho e garantir a alimentação do ano.
A perspectiva de safra para este ano não é boa, porque as chuvas desde o início de janeiro não foram suficientes para iniciar o plantio.
Quem plantou, está vendo o feijão e o milho morrerem por falta de água.
É o caso do agricultor Lourivaldo Dutra Cavalcanti, 48. Com o pai e o irmão, ele plantou seis hectares de milho, feijão e arroz nas primeiras chuvas, em janeiro, mas não têm boas perspectivas.
"Se não chover logo vamos perder tudo".
Ele mora na fazenda Logradouro, de 25 hectares, pertencente ao seu pai, João Emílio, 81. No ano passado, a família colheu apenas meia tonelada de milho e feijão, porque choveu pouco. Este ano, pode ser pior.
"Se chover até o fim do mês, dá para colher 400 kg de arroz, feijão e milho", afirmou Cavalcanti.
Adonias José de Assis, 73, plantou no ano passado dois hectares no seu sítio de 14 hectares. Colheu uma tonelada de feijão e milho. Este ano, só plantou meio hectare, de onde espera colher 200 kg.
Assis é aposentado e ganha R$ 70,00. Ele cria sete vacas e galinhas. Seu sítio fica a menos de 3 km da fazenda de Krasnow. Assis não tem acesso à água do rio Piranhas, para irrigação, por falta de condições financeiras.
"Nós somos esquecidos. Não temos incentivo para nada", disse.

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