São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Argentina deve ter 80 bancos fechados

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O Banco Central argentino considera que cerca de 80 bancos, de um total de 200, vão desaparecer no prazo de um ano. Por dificuldades financeiras, serão fechados ou absorvidos por outras instituições, geralmente grandes bancos.
Oficialmente, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, prefere dizer que o sistema argentino passará por modificações nos próximos dois anos. Ele afirma que os 200 bancos se reduzirão para cem.
A estimativa é classificada como exageradamente otimista pelo próprio Banco Central, pelo mercado financeiro e pela Adeba (Associação de Bancos Argentinos).
A reestruturação do sistema bancário começou antes mesmo da criação do fundo de US$ 4 bilhões para capitalizar o setor e do instituto que coordenará o reordenamento das instituições financeiras.
Há uma semana, o Banco Central impõe condições adicionais para que bancos de primeira linha possam se expandir fora do país, incluindo o Mercosul —união aduaneira integrada por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai.
O BC não está autorizando compra de instituições em outros países pelos bancos argentinos.
Antes disto, o BC quer que bancos de primeira linha adquiram instituições pequenas e médias que estão insolventes —incapacitadas de pagar os compromissos em dia.
Segundo a Folha apurou, os principais bancos argentinos já começam projetos de incorporação de instituições em dificuldades.
Cavallo encontra resistência dos bancos comerciais estrangeiros para emprestar US$ 1 bilhão, mediante a compra de bônus do Tesouro, para socorrer os bancos.
O empréstimo foi anunciado por Cavallo há 15 dias, mas os bancos comerciais não demonstram boa vontade em relação à Argentina.
Por isso, o ministro inicia hoje, em Londres, uma maratona de encontros com banqueiros, que o levará ainda ao Japão e Alemanha.
Até agora, Cavallo ainda não recebeu nenhum centavo dos empréstimos aprovados pelo Bird, BID e Fundo Monetário Internacional.
O ministro tem pressa porque quer evitar uma quebra generalizada de pequenos e médios bancos antes das eleições de 14 de maio —o presidente Carlos Menem disputa um segundo mandato.

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