São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Reforma da Previdência pode ficar para 96

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo se rendeu às resistências do Congresso e das lideranças dos aposentados e decidiu desacelerar a reforma da Previdência Social. A votação da emenda do governo que muda a Previdência pode até ficar para o próximo ano.
"A ordem, agora, é menos velocidade e mais debate", afirmou ontem o ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Ontem, o governo conseguiu aprovar sua proposta de divisão de emenda na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por 38 votos a favor e 10 contrários. O autor da proposta, deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), não votou.
O governo foi obrigado a dividir a emenda original depois que a comissão não aceitou a proposta enviada ao Congresso sob o argumento de que era um "emendão", tratando de temas diferentes.
O desmembramento aprovado ontem, em quatro partes, acabou sendo uma vitória do governo, que conseguiu manter os pontos essenciais em apenas uma emenda.
Enquanto a comissão decidia o futuro da emenda, o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, recebia parlamentares na liderança do governo na Câmara. O ministro concordou com a divisão.
"Mesmo que as três emendas secundárias sejam rejeitadas, o projeto do governo não será afetado", afirmou Stephanes.
A proposta de desacelerar as mudanças foi anunciada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em uma reunião com os líderes governistas anteontem à noite.
A preocupação do governo é não comprometer as outras emendas com a polêmica causada pela proposta de mudar a Previdência.
"Não podemos ter pressa. Só se pode fazer a reforma na Previdência, um assunto tão complexo, com uma discussão ampla. O governo não vai impor prazos", afirmou o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
"É melhor esgotar a discussão da Previdência agora, mesmo ultrapassando os prazos, do que ter de voltar ao assunto daqui a alguns anos", afirmou o ministro.
"Temos de ampliar a discussão ao máximo. Se não for possível esgotar o assunto este ano, podemos votar a emenda da Previdência no ano que vem. O importante é que ela seja amplamente debatida", afirmou o líder do PMDB, Michel Temer (SP).
Segundo Temer, as outras emendas podem ser analisadas e votadas com maior rapidez. "As outras emendas são teses. Se discute se abre ou não o monopólio, mas a da Previdência é individual, mexe com as pessoas", disse.
Além da reforma na Previdência, o governo já enviou ao Congresso as propostas de flexibilização do monopólio das telecomunicações, do petróleo, da navegação e do gás canalizado e a que muda o conceito de empresa brasileira.

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