São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Choque entre curdos e com turcos faz 171 mortos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 171 curdos morreram desde segunda-feira em choques entre si e com tropas turcas.
Combates entre grupos curdos iraquianos rivais deixaram pelo menos cem mortos no norte do Iraque, informou Shazad Saib, representante da PUK (União Patriótica do Curdistão) em Ancara.
Pelo menos cem pessoas morreram quando forças do KDP (Partido Democrático do Curdistão) atacaram oito posições da PUK na região de Arbil na manhã de ontem (segunda-feira).
Arbil está parcialmente cercada por facções rivais, enquanto as tropas do presidente Saddam Hussein estão cerca de 10 km ao sul.
O KDP, liderado por Massoud Barzani, disse que os combates foram provocados pelo PUK.
Já o INC (Congresso Nacional Iraquiano), que reúne vários grupos curdos, informou que o grupo de Barzani sofreu pesadas baixas.
Formalmente o KDP controla a área da fronteira entre o Iraque e a Turquia. Protegidos pela aviação ocidental desde seu rompimento com Bagdá em 1991, os curdos estabeleceram uma administração regional em 1992 em Arbil.
A administração repartida entre os diversos grupos entrou em colapso em dezembro último.
Os curdos iraquianos não estão envolvidos nos combates entre militantes do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdistão) e tropas turcas que entraram no Iraque dia 20.
Num único combate, tropas turcas mataram 62 rebeldes do PKK na fronteira entre o Iraque e o Irã, disse o coronel Dogu Silahcioglu.
O Exército turco teria matado 199 rebeldes curdos e capturado 12 desde o início da incursão. A Turquia teria perdido 17 soldados.
Até agora o governo turco tem repudiado as informações de que civis teriam morrido.
A ONU já removeu cerca de 1.400 refugiados curdos da cidade iraquiana de Zakho, onde os turcos estabeleceram seu quartel-general. Eles foram levados para Atrush, a cerca de 100 km.
O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) planeja remover os outros 3.000 refugiados até amanhã.
Um grupo de 177 refugiados curdos da Turquia estacionou um microônibus e dez caminhões no campo de futebol de um acampamento da ONU. Eles querem ser escoltados para fora da área ocupada pelos turcos.
Dentro da Turquia, nove guerrilheiros e quatro camponeses teriam sido mortos em quatro choques no leste e sudeste do país.
O governo turco tentou acalmar os países ocidentais sobre a duração de sua incursão militar.
A primeira-ministra Tansu Çiller disse que seu país não tem ambições territoriais na região. Para o presidente Suleiman Demirel, as tropas vão deixar o Iraque assim que cumprirem a missão.
Países também expressaram preocupação de que a operação possa resultar em vítimas entre os civis. O governo alemão está estudando o corte da ajuda militar.
Em Genebra (Suíça), cerca de 200 turcos de origem curda invadiram a sede européia da ONU.
A polícia antimotim suíça usou gás lacrimogêneo e canhões de água para expulsar os manifestantes. Apenas um policial foi ferido.

Texto Anterior: Investigada conexão suíça no caso Gucci
Próximo Texto: Sérvios da Bósnia ameaçam atacar as forças de paz das Nações Unidas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.