São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
Texto Anterior | Índice

Tempo de reformas; Presente para o leitor; São Paulo-Gotham City; Reengenharia da fé; Avaliação universitária; Lula ou nada?; Escolas experimentais

Tempo de Reformas
"Está de parabéns a Folha pelo caderno Tempo de Reformas (edição de 27/03). Nenhuma mudança em nossa Constituição pode ser feita sem a participação efetiva da sociedade. E ela pouco conhece a Carta vigente, as propostas de emenda, os interesses envolvidos, as tendências do Congresso. Na discussão constitucional está sobrando opinião e faltando informação. Com seu excelente caderno especial, a Folha contribui para mudar isso."
Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público (São Paulo, SP)

Presente para o leitor
"A Folha concedeu aos seus leitores o maior presente: a entrevista do general vietnamita Vo Nguyen Giap na edição do Mais! de domingo último."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)

São Paulo-Gotham City
"Queremos cumprimentar Otavio Frias Filho pelo artigo publicado no dia 23/03. Nós, a população de São Paulo, sabemos que para livrar-nos do horror-Maluf e sua insaciável sede de poder podemos contar com esse jornal, para que esse flagelo nunca se estenda ao Brasil. Comparar o sr. Maluf a Nero foi de uma felicidade total."
Helena Stockler de Mello (São Paulo, SP)

Reengenharia da fé
"O preconceituoso artigo 'Reengenharia da fé' (de Otavio Frias Filho, edição de 16/03) parece de um jornalismo oriundo dos anos 20 nos EUA. A Igreja Católica já venceu o Império Romano, Napoleão, Henrique 8º e vai vencer os jornalistas da Folha. A Igreja hoje é muito mais forte do que em 64. Quando eu cheguei no Brasil em 1962, um total de 65% dos padres eram estrangeiros. Hoje, somos apenas 30%. Faça uma pesquisa nos seminários para compreender a vitalidade da Igreja no fim do século 20. Sobre os carismáticos, quando a RCC começou no Brasil em 1971, foi divulgado que era obra da CIA. Vinte quatro anos mais tarde, o sr. Frias Filho escreve que os carismáticos são 'evangélicos sob o comando do Vaticano'. A palavra 'lunáticos', no artigo, deve ser substituída por 'ferverosos', 'animados' ou 'entusiasmados'. A Igreja não vai mudar seus ensinamentos para agradar a ideologia neoliberal."
Daniel Meehan, padre (Poços de Caldas, MG)

Avaliação universitária
"Os artigos do ministro Paulo Renato Souza e de Darcy Ribeiro (26/03) merecem apoio daqueles que, tendo a responsabilidade e experiência, não precisam defender o indefensável. É claro que as verdadeiras universidades devem ser avaliadas no total de suas atividades, o que só é objetiva quando feita por professores de outras instituições. É o que faz o MIT, onde fui professor, e o que se fez em parte na USP. As escolas superiores, que incluem praticamente todas as escolas particulares e muitas das públicas, têm como seu único produto a graduação, e é a graduação que deve ser avaliada, para certificar ou até caçar a sua certificação. É difícil avaliar todos os cursos superiores e fazê-lo sem colocar uma camisa-de-força que os uniformiza e os torna medíocres. Medicina, engenharia e direito são muito mais fáceis e os exames finais irão coibir a formação de profissionais incompetentes para a sua alta responsabilidade. Com o avanço acelerado da medicina, os médicos devem ser reavaliados a cada cinco ou dez anos, obrigando que se mantenham informados. Até nos Estados Unidos existem cursinhos para os exames exigidos para médicos e advogados. Infelizmente, os cursinhos são capazes de treinar melhor estudantes para exames do que faculdades. O que as faculdades e universidades devem se perguntar é o que elas dão aos seus alunos, em cursos de quatro ou seis anos, e a alto custo, que os cursinhos são capazes de dar em meses..."
Isaias Raw, diretor do Instituto Butantan (São Paulo, SP)

"A respeito do artigo do sr. ministro da Educação e Desportos, Paulo Renato Souza, quero, primeiramente, lembrar o sr. ministro que não são apenas quatro os pontos polêmicos na MP 938. Ele esqueceu de mencionar a questão de eleição dos reitores nas universidades federais. Sobre esse ponto, que a MP trata de forma antidemocrática, quero parabenizar o jornalista Janio de Freitas por sua lúcida análise, em artigo nessa Folha de 24/03, sob o título 'Espetáculo demais'. Quanto à urgência da regulamentação das matérias de que trata a MP 938, não me convence as ponderações do sr. ministro. O único ponto que poderia se enquadrar em urgente é o da criação do Conselho Nacional de Educação."
Claudio Antonio Tonegutti, professor da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, PR)

Lula ou nada?
"Parabenizo Clóvis Rossi pelo excelente comentário 'A sopa e as oposições', publicado na Folha de domingo último. Nada mais paradoxal (e antimarxista) do que uma 'esquerda conservadora', que, por não ser viável no momento a revolução socialista que almeja, deixa de lutar por reformas políticas, econômicas e culturais democratizadoras. Ou Lula ou nada?"
Duarte Pereira (São Paulo, SP)

Escolas experimentais
"Há dez dias fui procurada pela reportagem desse jornal para contribuir com uma pauta sobre as transformações que vem sofrendo o pensamento educacional que caracterizou as escolas experimentais surgidas entre nós a partir do final da década de 60. O objetivo da entrevista, segundo fui informada, era levar ao conhecimento dos leitores o caminho percorrido pelas escolas experimentais nos últimos 20 anos. Em nosso encontro interessava ao jornal conhecer a história da escola onde trabalho, a Escola da Vila, naquilo que se relacionava ao tema em pauta. Durante o encontro procurei contar a história da Escola da Vila, dentro do âmbito das idéias educativas que nos eram contemporâneas, referindo as influências teóricas, metodológicas e ideológicas que marcaram nosso percurso como escola experimental, sem julgamentos de valor ou 'mea culpa' em relação aos diferentes e ricos momentos de aprendizagem da tarefa educativa que o percurso da escola permitiu. Por outro lado, procurei localizar nossa história particular dentro da história da sociedade brasileira dos últimos 30 anos, atropelada pelo período ditatorial. Sei que no espaço de uma entrevista há sempre a possibilidade de que comentários e explicações formuladas durante a conversa resultem em mal-entendidos. Mas o que ocorreu na matéria do último domingo foi que as partes de minha fala utilizadas e divididas entre os diferentes textos que formaram as páginas do 'Tempo Real Educação', fora do contexto no qual foram geradas, se transformaram em afirmações levianas e desrespeitosas."
Zélia Cavalcanti, coordenadora pedagógica da Escola da Vila (São Paulo, SP)

Texto Anterior: Uma medida lamentável
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.