São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Estado estuda nova proposta aos grevistas da educação

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grevistas da rede estadual de ensino de São Paulo começaram a noite de ontem em clima de suspense: era aguardada a convocação de uma reunião com o governo, onde seria apresentada uma nova proposta de reajuste salarial, mas, até as 19h15, o encontro não havia sido marcado.
Nada foi divulgado sobre este encontro. Mas a expectativa era de que a nova proposta seria feita aos grevistas para que a assembléia marcada para amanhã à tarde venha a suspender o movimento.
Durante o dia, o impasse continuou o mesmo da última reunião entre as lideranças de professores, diretores, supervisores e servidores com o governador.
Na quinta-feira passada, o governo propôs um acréscimo de R$ 17 milhões para a folha de pagamentos da Educação nos meses de março, abril e maio. Nos três meses seguintes o governo oferece R$ 23 milhões a mais.
No mês passado, a folha de pagamentos da secretaria foi de R$ 103 milhões (10,65% da cota parte do Estado na arrecadação do ICMS), excluídos os aposentados.
As próprias entidades teriam de decidir como distribuir esse dinheiro, pela proposta do governo —já que a quantia a mais dá um reajuste de apenas 10% se for distribuído entre todos os assalariados da secretaria.
O governo defende, também em sua proposta de quinta-feira passada, que o piso dos professores passe a R$ 180.
As cinco entidades que lideram a paralisação não querem assumir a responsabilidade de distribuir esse dinheiro a mais, que "não dá para nada", segundo o presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Roberto Felício, 43.
Em seu terceiro dia, a greve continuou angariando mais apoio. Segundo a Apeoesp, a adesão superou 70% no interior do Estado e está em 60% na capital. A secretária Neubauer elevou sua estimativa de "menos de 40%", anteontem, para 45%, ontem.
Entre 3 milhões e 4,5 milhões de alunos estão sem aulas.
Segundo o governo, o déficit de caixa deixado pela gestão anterior do Estado não está permitindo se quer o cumprimento da lei orçamentária.
Por essa lei, o governo deveria gastar, só com a folha de pagamentos, 20,09% da arrecadação do ICMS.
"Fui trabalhar na rede estadual acreditando que o novo governo tomaria medidas imediatas para melhorar a situação", disse a professora de 4ª série Maria Luiza Guadanhin, 46. Ela recebeu no mês passado R$ 152 por 20 horas semanais de trabalho em uma escola da zona sul de São Paulo.

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