São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995 |
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Paris inaugura biblioteca nacional
ANDRÉ FONTENELLE
O presidente da França, François Mitterrand, 78, inaugura hoje em Paris a última e maior obra de seu governo: a Biblioteca Nacional da França (BNF). Hoje será inaugurado apenas o conjunto de prédios que forma a BNF: os livros da atual Biblioteca Nacional ainda não foram transferidos. A abertura ao público está prevista para 1997. Projeto do arquiteto Dominique Perrault, 42, a BNF terá entre 10 e 12 milhões de volumes, número inferior apenas ao da Biblioteca do Congresso, em Washington (22 milhões), e ao da British Library, em Londres (18 milhões). É a obra mais cara do governo Mitterrand (1981-1995): custou cerca de US$ 1,6 bilhão. Curiosamente, os leitores ficarão no subsolo, enquanto os livros serão estocados nas quatro torres de vidro de 78 m de altura, em forma de livros abertos. Essa é apenas uma das críticas feitas ao projeto. Outra se refere a seu gigantismo: a BNF deverá absorver 10% do orçamento francês anual para a cultura. Cerca de 100 mil obras poderão ser consultadas diretamente por computador. A instalação do sistema informatizado provocou o adiamento da abertura ao público, que estava inicialmente prevista para o ano que vem. Ecologia A associação ecologista Robin des Bois ("Robin dos Bosques", nome francês de Robin Hood) protesta contra o uso de madeira tropical na biblioteca. A esplanada da biblioteca é formada por 5.600 metros cúbicos de ipê da Amazônia. Segundo a associação, essa quantidade equivale à produção anual desse tipo de madeira no Estado do Pará. Há duas semanas, um grupo de ecologistas invadiu o canteiro da obra e pintou em algumas tábuas a inscrição "Bois d' Amazonie" ("madeira da Amazônia"). Os responsáveis pela biblioteca alegam que a quantidade de ipê é pequena. Afirmam que o ipê foi escolhido por ser a madeira mais resistente disponível. Os ecologistas retrucam que outros tipos de madeira, menos raros, como o carvalho, poderiam ter sido usados no lugar do ipê da Amazônia. Eles temem que o uso de madeira de florestas tropicais vire moda, após o uso na BNF. Champs-Elysées Na recente reforma da avenida Champs-Elysées, em Paris, os bancos de madeira também foram feitos com ipê, supostamente vindo da Amazônia. A própria Robin des Bois, no entanto, reconhece que a ecologia não tem o mesmo impacto que tinha no passado. Suas ações e manifestos praticamente não aparecem na imprensa francesa em geral. "Na França, a conscientização recua, ao contrário de outros países", reconhece Claire Kennedy, dirigente da associação. Próximo Texto: Comando Sul irá para Miami; Incêndio destrói mercado em NY; Destruídos 3 satélites lançados da Rússia; França rejeitou um plano anti-Saddam; Militares promovem Vladimir Jirinovski; Roubado carro da comitiva de Clinton; Promotor investiga nomeação nos EUA; Carter obtém trégua no Sudão Índice |
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