São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Padre desenhou o forte dos Reis Magos

EDSON FRANCO
DO ENVIADO ESPECIAL A NATAL

Coube ao padre espanhol Gaspar de Samperes a concepção do forte dos Reis Magos, marco da colonização portuguesa no Rio Grande do Norte.
A fortificação deve seu nome ao fato de as obras terem sido iniciadas no dia 6 de janeiro de 1598, dia de Reis. Dois anos depois, a fortificação estava concluída.
Um ano antes da construção, o rei Filipe 2º da Espanha e 1º de Portugal ordenou que uma expedição expulsasse os franceses que exploravam a região onde o rio Potengi deságua no Atlântico.
O único combate que se travou aconteceu dois dias antes do início da construção. Dois mil índios potiguares e 50 franceses atacaram sem sucesso a expedição.
Construção
Apesar da condição religiosa, Samperes sabia muito da arte de guerrear. Baseado na concepção arquitetônica antropomorfa dos italianos, o padre traçou uma planta estrategicamente assemelhada a uma estrela de cinco pontas.
Esse formato permitia aos soldados do forte observarem os movimentos inimigos em pelo menos dois ângulos diferentes.
Entrar na fortaleza era uma empreita dificílima. Para frear as investidas por mar, o padre projetou uma parede de pedra com 14 metros de largura. Não havia canhão que a derrubasse.
Procurando impossibilitar a invasão por terra, paredes no formato da letra "z" impedem o uso de arietes. Possíveis invasores ficaram sem espaço para impulsão.
E Samperes não estava disposto a dar sopa para o inimigo. Pelo contrário. Quem conseguisse passar pelo portão era recepcionado com um banho de óleo quente no hall de entrada da fortificação.
Queda
Até 1633, o forte dos Reis Magos foi uma bastilha inexpugnável para os inimigos. Naquele ano, os holandeses conseguiram tomar o forte. Eles já haviam tentado a invasão dois anos antes.
A queda aconteceu no dia 8 de dezembro. Os 110 soldados portugueses que guardavam o forte resistiram ao ataque da esquadra formada por 800 holandeses durante três dias.
Talvez os portugueses tivessem vencido mais essa batalha não fosse a atuação do mameluco Domingos Fernandes Calabar, ex-soldado da fortificação, que revelou aos holandeses as estratégias de defesa usadas no forte.
Após a conquista, os holandeses rebatizaram o forte com o nome de castelo Keulen e lá permaneceram até 1654, quando os portugueses o retomaram.
Só em 1907 a fortificação foi desmilitarizada passando a ser uma atração turística que pode ser visitada diariamente das 8h às 17h. O ingresso custa R$ 1.

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