São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 1995
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Serviços locais pecam por amadorismo

EDSON FRANCO
DO ENVIADO ESPECIAL A NATAL

Como a maioria das cidades brasileiras, Natal preserva alguns resquícios de amadorismo na exploração do seu potencial turístico.
No setor hoteleiro, por exemplo, a falta de um cinco estrelas como parâmetro e a concorrência incipiente dão margem a todo tipo de distorções. A primeira delas se refere à classificação da Embratur.
Um exemplo é o Jacumã que, apesar do atendimento prestativo e da bela piscina, não possui forro em seus quartos.
Sobre a cabeça do visitante o que se vê é um intercalar uniforme de vigas de concreto e tijolos baianos. O hotel é classificado com três estrelas.
Segundo a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal, alguns hotéis pouco higiênicos na via Costeira despejam esgotos no mar.
Guias turísticos locais contam casos de desrespeito a hóspedes que fazem reservas antecipadas e encontram seus apartamentos ocupados por pessoas que viajam com grandes operadoras.
E por falar em guias, nem todas as informações que eles passam são confiáveis. Além disso, não é difícil alguma dúvida do turista ficar sem resposta.
Sujeira
Terrenos baldios e algumas praias chegam a acumular tanto lixo que se transformam em pequenos aterros sanitários.
Em locais como a praia de Ceará-Mirim, a combinação de lixo com o sargaço produz um cheiro inesquecível.
Para qualquer lado na faixa litorânea da cidade que se olhe, cocos amarronzados e ressecados pelo sol compõem um cenário monótono e desleixado. A imagem lembra um campo de holocausto forrado de crânios humanos.
Em boa parte, a responsabilidade por esse tipo de lixo é de vendedores ambulantes clandestinos.
Existe ainda a sujeira "normal" de praia. Latas de cerveja, garrafas, papéis e restos de comida formam a baixela e o cardápio dos urubus que fazem o repasto em algumas praias da via Costeira.
Soluções
Algumas medidas, que estão sendo postas em prática pelos órgãos públicos natalenses, devem minorar esses problemas.
Para combater o lixo provocado pelos barraqueiros, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos decidiu padronizar as barracas de alimentos na praia de Ponta Negra.
Essa região do litoral concentra 90 estabelecimentos desse tipo.
Com a medida, a secretaria espera diminuir o número de barracas e controlar a sujeira.
Natal está trabalhando também na formação de guias mais bem preparados.
Em convênio com o BNB (Banco do Nordeste Brasileiro), a prefeitura lançou o programa JGT (Jovem Guia Turístico).
Garotos entre 12 e 17 anos, vindos de família de baixa renda, recebem um salário mínimo mensal para apresentar as atrações locais.
Além disso, eles têm suas despesas escolares pagas. Só falta inserir um curso de inglês entre as atividades da garotada.
Hotéis
O setor hoteleiro natalense vai tomar um saudável banho de concorrência nos próximos dois anos.
Uma dúzia de estabelecimentos está sendo construída por toda a capital. Metade são cinco estrelas que chegam ao mercado para acabar com o improviso no setor.
Com isso, a arte de improvisar volta a ser exclusividade dos excelentes repentistas locais.

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