São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Motim de 94 h acaba com 1 morto

ISNAR TELES; MARCELO DE GODOY
DA FOLHA VALE E DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia encontrou ontem o corpo do detento Joaquim Marcelino dos Santos, 31, o "Quixada", durante a vistoria realizada nas celas após o fim da rebelião na Penitenciária 1, de Tremembé.
Até as 23h de ontem, Santos era a única vítima fatal da rebelião que envolveu 700 presos, 37 reféns e durou 94 horas. Foi o maior motim já registrado no Estado.
O corpo de Santos foi encontrado soterrado no túnel aberto pelos presos, que pretendiam fugir caso não conseguissem negociar um final pacífico para a rebelião.
Quixada, que cumpria pena por furto, tinha várias perfurações na barriga provavelmente provocadas por facadas.
A rebelião em Tremembé acabou depois que os presos aceitaram a contraproposta feita pelo secretário de Administração Penitenciária, Belisário Santos Júnior.
A contraproposta definiu a transferência de 37 detentos para outros presídios em troca da libertação de 37 reféns.
Até ontem, permaneciam em poder dos presos 10 agentes penitenciários e 25 familiares de detentos. Dois agentes foram libertados na quarta-feira.
A indicação de que a rebelião havia terminado aconteceu às 11h, quando os presos exibiram uma faixa onde estava escrito "fim".
O primeiro refém libertado ontem, por volta das 12h30, foi o agente penitenciário Benjamin Pereira da Silva. Ele saiu de maca.
Silva tem problemas cardíacos, é diabético e hipertenso.
Até as 14h todos os agentes penitenciários foram libertados.
Os familiares que ficaram como reféns só foram liberados às 16h. No grupo, de 23 pessoas, havia oito crianças.
Segundo Santos Júnior, os familiares ficaram para garantir que não houvesse incidentes com os presos durante a vistoria que os agentes e PMs fariam nas celas.
Às 9h30, detentos do presídio de Samaritá, em São Vicente (67 km a sudeste) iniciaram a 14ª rebelião do ano em São Paulo. Após 7 horas e meia de negociações, os 10 reféns foram libertados e os 12 detentos, transferidos.
(Isnar Teles e Marcelo Godoy)LEIA MAIS
Sobre as rebeliões à pág. 4

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