São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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Covas mantém proposta para professores

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas manteve ontem as linhas gerais da proposta salarial que tinha feito à rede estadual de ensino na semana passada, antes da decretação da greve.
Covas afirmou que vai negociar hoje diretamente com os grevistas, se necessário, para demonstrar que o Estado, no momento, não tem condições de oferecer um reajuste salarial maior.
"Para mim, tanto faz negociar com cinco pessoas ou com 2.500. É verdade que com mais gente a negociação é mais complexa, mais demorada", disse.
Os grevistas —professores, diretores, supervisores e servidores— fazem assembléia hoje às 15h, no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo do Estado). Segundo Covas, não haverá intervenção da polícia durante o ato.
Em 1993, quando Luiz Antônio Fleury Filho era governador, uma assembléia de professores grevistas no local terminou com um enfrentamento entre manifestantes e a polícia militar, que deixou 13 pessoas feridas.
A proposta do governo é de acrescentar à folha de pagamento da Secretaria de Educação R$ 17 milhões a mais por mês de março a maio e R$ 23 milhões de junho a agosto. Em janeiro, a folha de pagamento da secretaria foi de R$ 114 milhões e em fevereiro, de R$ 103 milhões (pouco mais de 10% da cota do Estado na arrecadação do ICMS).
Ainda para o governo, esse dinheiro a mais daria para dar, este mês, uma gratificação de R$ 39 para todos os professores (ou R$ 79 por 40 horas semanais). Isso elevaria o piso por 20 horas semanais de trabalho para R$ 180.
Na entrevista, o governador reconheceu que o "magistério recebe salários aquém da realidade".
Na reunião da semana passada, Covas disse que os grevistas poderiam propor outras formas de distribuir essas quantias a mais destinadas à folha de pagamento —posição que também manteve ontem.
As cinco entidades que lideram o movimento grevista (Apeoesp, CPP, Udemo, Apase e Afuse) recusaram essa proposta, dizendo que a quantia a mais era irrisória.
Ontem na hora do almoço, pouco depois de um encontro com a secretária da Educação, Rose Neubauer, o presidente da Apeoesp, Roberto Felício, 43, afirmou que, sem uma proposta nova, a greve continuaria.
À noite, após a declaração de Covas, Felício afirmou que se o governador convencê-lo de que não pode dar mais ele até repensaria sua posição.
Mas disse que pode provar que o Estado dispõe de verbas suficientes para atender as reivindicações. Para Felício, "o governo alterou muito pouco a proposta". Ele acrescentou que a greve deve continuar.
Os professores querem um piso salarial por 20 horas semanais de trabalho de R$ 210 (três salários mínimos) —um reajuste de 50% sobre o piso atual (R$ 141).
O problema da proposta dos professores é que o aumento de 50% seria dado a todos os níveis salariais, o que elevaria a folha de pagamento em cerca de 90%.
Após o anúncio de Covas, não foi marcada qualquer reunião do governo com os grevistas..
A greve estava com adesão ontem de 45%, segundo a secretaria, e 70%, segundo a Apeoesp.

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