São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 1995
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É preciso ter paciência com Barrichello

HORTÊNCIA OLIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 deste ano marcou o reencontro dos brasileiros com a categoria depois da trágica morte de Ayrton Senna, em Imola, na Itália, no GP de San Marino.
E é lógico que a F-1 se enfraqueceu no país com a perda de nosso tricampeão mundial.
Para a grande maioria dos torcedores, acabou o encanto, a alegria nossa de todo domingo, quando Senna empunhava a bandeira nacional após cada vitória.
Como era de se esperar, sobraram ingressos no autódromo de Interlagos e caiu a audiência na TV neste primeiro GP da temporada 95.
Daqui por diante, boa parte dos fãs do automobilismo ficará em casa na tentativa de não lembrar que é domingo de F-1 e que Ayrton não vai estar lá, na pole-position.
Na verdade, o que ninguém quer é voltar a sentir saudade de seu grande herói.
Além do amor do Brasil pelo Ayrton, outro ponto importante na avaliação do interesse pela F-1 está na própria característica do povo.
O brasileiro precisa de ídolos, precisa de campeões. É assim na F-1, no basquete, no futebol, na Indy e em todos os outros esportes.
Mas os torcedores têm que saber o que esperar de Rubinho. Não se pode jogar tudo em suas costas.
É preciso que fique bem claro que ele não está aí para ser o substituto de Senna.
Com isso, não se pode exigir nada dele, em termos de resultados imediatos.
O futebol é marcado pela era anterior e posterior a Pelé.
Agora, é a F-1 que passa a ser dividida como antes e depois de Ayrton Senna.
Eu vou continuar torcendo muito para os brasileiros.
Acompanho a F-1 há seis anos e adoro o clima de competição, o barulho dos motores e a emoção das ultrapassagens. O circo da F-1 é realmente fascinante.
Acredito que, nesta temporada, a tônica será um equilíbrio maior entre as equipes grandes, Benetton, McLaren, Williams, Ferrari e, esperamos, a Jordan de Rubinho —que não teve um fim-de-semana feliz no Brasil.
Mas o Michael Schumacher leva ligeira vantagem, como ficou provado no GP do Brasil, em Interlagos, apesar de sua desclassificação.
Ele é um bom piloto e entra como favorito na disputa.
É claro que ele vai ter que provar isso na pista, acelerando fundo juntamente com os outros pilotos.
Eu vou engrossar a torcida brasileira pelo Rubinho.
E, quem sabe, no GP de 96 em Interlagos nós não voltaremos a ver a bandeira nacional no lugar mais alto do pódio.

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