São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Lula diz que vai a FHC se for convidado

GEORGE ALONSO; LUIZ FRANCISCO
DA REPORTAGEM LOCAL

LUIZ FRANCISCO
O PT vai sugerir prioridade à reforma fiscal caso se confirme o interesse do presidente Fernando Henrique Cardoso em ter um encontro com Luiz Inácio Lula da Silva. O convite, se feito pelo presidente, será aceito pelo líder petista.
Desde anteontem, amigos de FHC estariam articulando conversas de aproximação do presidente com os principais líderes oposicionistas, em Brasília.
O secretário-geral do PT, Gilberto Carvalho, disse ontem, em São Paulo, que "Lula não se recusaria a conversar, apesar da postura arrogante do presidente. Nem teria como recusar".
Carvalho ressalvou que, até o momento, no entanto, o que houve é "confronto" e "autoritarismo" por parte do governo.
Em Salvador (BA), Lula afirmou que quer "discutir com o presidente as propostas de reformas constitucionais". Na capital baiana, ele almoçou com três políticos tucanos: a prefeita Lídice da Mata (PSDB) e os deputados Waldir Pires e Jutahy Magalhães (PSDB).
Dissidentes na campanha presidencial (o PSDB baiano apoiou Lula), Pires e Magalhães disseram que a aliança do PSDB deveria ser com o PT.
Em busca de aproximação com o governo federal, Lula disse que vai continuar procurando líderes do PSDB e anunciou que seu próximo encontro será com o governador de São Paulo, Mário Covas.
Se o encontro Lula-FHC ocorrer, o PT vai propor uma inversão de prioridades nas reformas. O partido acha que o governo deveria dar preferência à reforma tributária.
Esse seria o melhor caminho, segundo a direção do PT, para combater o déficit público e aumentar a capacidade de investimentos sociais do Estados sem queimar as reservas estratégicas.
"A reforma fiscal dá maiores ganhos ao governo do que a venda de estatais", disse Carvalho, no Hotel Comodoro, durante a reunião do grupo "Articulação", uma das facções do PT, da qual Lula faz parte.
As estatais deveriam, segundo o PT, sofrer mudanças em seu processo de gestão e controle público e só depois, então, se poderia discutir uma flexibilização -como a defendida pelo governo em relação ao monopólio da Petrobrás.
Nesse eventual encontro FHC-Lula, a agenda petista colocaria como segunda prioridade a reforma agrária, que, para o partido, seria a saída para a questão do emprego e da produção de alimentos.
Nessa conversa, o partido estaria disposto a tratar, também, segundo Carvalho, da reabertura do debate da reforma previdenciária "desde que em outros moldes".
Hoje e amanhã, o Diretório Nacional do partido estará reunido em São Paulo.
Além de discutir a reestruturação do PT, o diretório deve apresentar, conforme anunciou Lula nesta semana em visita à Assembléia Legislativa paulista, algumas das propostas do partido sobre as reformas estruturais do país.

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