São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Dólar volta a cair em relação ao marco

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A revelação de que a economia dos EUA cresceu em 1994 mais do que se supunha, realimentou ontem no mercado financeiro receios de inflação futura e provocou agitação nas bolsas de valores, que operaram em baixa.
A cotação do dólar norte-americano diante do iene japonês atingiu novo recorde histórico negativo.
O dólar também se desvalorizou diante do marco alemão, um dia após ter conseguido ligeira alta.
Ontem, o marco alemão estava cotado em 1,3995 em Nova York. No dia anterior, quinta-feira, a moeda alemã estava cotada a 1,4085.
O iene japonês, também em Nova York, foi cotado ontem a 86,55. Na quinta -feira, a moeda japonesa era comercializada a 89,58.
O principal motivo para a queda do dólar continua sendo a falta de confiança do mercado na economia norte-americana sob o comando da administração Bill Clinton.
No Senado dos EUA, reforçando esses temores, a oposição apresentou proposição para barrar o acesso do México ao dinheiro do Fundo de Estabilização Monetária colocado à sua disposição por Clinton.
O México já sacou US$ 5 bilhões dos US$ 20 bilhões que os EUA lhe ofereceram para socorrê-lo na atual crise econômica.
Se a proposta do senador Alfonse D'Amato for aprovada, o México não poderá pegar os outros US$ 15 bilhões. Clinton promete vetar o projeto.

PIB
O Produto Nacional Bruto dos EUA cresceu 4,1% em 1994, em vez dos 4% antes anunciados. É o maior índice de crescimento em dez anos.
A revisão foi feita após a consolidação dos números do quarto trimestre, que indicam crescimento de 5,1% em relação a 1993.
Economistas do governo argumentavam ontem que a reação do mercado financeiro à notícia foi injustificada, já que não há perigo de explosão inflacionária e que o desaquecimento econômico deste ano se mantém.
O dólar, que na quinta-feira havia vivido raro dia de alta, provocada pelo inesperado anúncio da diminuição das taxas de juros internos na Alemanha, voltou a despencar ontem.

Crise
Em princípio, a notícia do crescimento maior da economia dos EUA em 1994 deveria ajudar a posição do dólar, ainda mais por causa da previsão de possíveis altas nos juros internos norte-americanos.
Mas a expectativa de uma nova piora na crise mexicana, desta vez causada pelo anúncio de que o governo mexicano resolveu elevar o salário mínimo e pela possibilidade de aprovação do projeto de D'Amato, derrubou o dólar.
A queda contínua da cotação do dólar diante do marco e do iene e a crise do México vão ser dois dos principais temas da próxima reunião do Grupo dos Sete (que reúne EUA, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão, os países mais ricos do mundo).
O Grupo dos Sete se reúne em junho no Canadá.

Mercados
O dólar fechou em baixa nos principais mercados de câmbio da Europa.
Em Frankfurt, a moeda norte-americana fechou negociada a 1,3688 marco alemão, contra 1,4073 do fechamento de ontem.
Em Zurique, o dólar foi negociado a 1,1235 franco suíço, contra 1,1705 do encerramento anterior.
EM Paris, a moeda norte-americana fechou negociada a 4,8490 francos franceses, contra 4,9175 do fechamento desta quinta-feira.

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