São Paulo, sábado, 1 de abril de 1995
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Mortes mostram um país a caminho do caos

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Agentes do FBI investigam o assassinato da advogada Mireille Durocher Bertan, adversária do presidente Jean-Bertrand Aristide, e o assalto armado a casa de dois missionários americanos, enquanto as tropas dos Estados Unidos deixam o Haiti.
Dois grupos de defesa dos direitos humanos com base em Nova York, o "Human Rights Watch" e a Coalizão Nacional de Refugiados Haitianos, denunciam que o recém-restaurado governo de Aristide pode estar a caminho do caos. Há sinais "concretos" de nova escalada de violência.
Um dirigente do Partido Camponês, pró-Aristide, foi metralhado no volante de seu carro. "Voltam a organizar-se esquadrões da morte que atuaram durante o regime militar", diz Yvonne Neptune, porta-voz da Presidência haitiana.
São atribuídas a eles as mortes violentas durante o Carnaval e um de seus chefes mais notórios, de nome Herve Black, foi localizado por correspondentes estrangeiros numa favela de Porto Príncipe. "Estamos nos mobilizando e esperando", disse ele.
Neptune também fala de conspiração por parte de generais refugiados na República Dominicana, "com muito dinheiro no bolso".
A maior preocupação dos grupos de defesa dos direitos humanos é com o espaço de três meses entre a retirada das tropas dos EUA e sua substituição por 7.000 soldados da ONU.
A segurança do Haiti ficará a cargo de uma "polícia provisória" vinculada ao ex-regime militar. Vários dos oficiais dessa polícia são acusados de terem participado da repressão que matou mais 3.000 pessoas nos três anos entre a deposição e a reinstalação de Aristide.
"Ela não tem a confiança da população", diz o "Watch", preocupado com o fato de que o Haiti se aproxima de eleições em junho em meio a assassinatos políticos, ameaças de paramilitares e paralisação da Justiça.

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