São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governador faz apologia da devastação

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

Anfitrião do presidente Fernando Henrique Cardoso e dos embaixadores no Brasil dos países mais ricos do mundo, o governador do Amazonas, Amazonino Mendes (PPR), deu na noite de sexta-feira algumas declarações que colidem com o fervor ambientalista adotado, ao menos retoricamente, por Fernando Henrique Cardoso e os diplomatas estrangeiros que estão em Manaus.
"Tenho muito orgulho de ter distribuído motosserras quando fui governador anteriormente", disse Amazonino Mendes antes de entrar para um jantar com os embaixadores do G-7 (países ricos), que assinariam ontem um contrato de financiamento para preservação ambiental.

Outros tempos
Os tempos políticos são outros, acha o governador amazonense. Por isso, ele não pretende repetir a doação das motosserras.
"Já paguei a minha cota e caíram de pau em cima de mim", afirmou Amazonino Mendes.
Na defesa que fez da distribuição de motosserras -"no passado", frisou-, o governador do Amazonas argumentou que o equipamento serviu para que os pobres do seu Estado melhorassem de vida.
"O caboclo fez casa, canoa e muita coisa mais. Mas não me perdoaram por isso e nunca mais entro nessa", declarou o governador do Amazonas.

Sequelas
A crítica de ambientalistas deixou sequelas, atestou Amazonino, apesar do esforço de meia adesão tardia ao politicamente correto.
"Não sei o que é ONG. Desconheço simplesmente", desdenhou o governador amazonense.
Ontem, Fernando Henrique Cardoso tomou café da manhã com representantes de ONGs (Organizações Não-Governamentais) que atuam basicamente na área de preservação ambiental.
Amazonino Mendes reservou outra parte de sua conversa com os jornalistas na noite de anteontem para insinuar que está deixando o seu partido, o PPR.
"Partido é uma ficção e eu não sou homem de partido", afirmou o governador.

Apoio
Na campanha presidencial, Amazonino Mendes apoiou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, apesar de o seu partido, o PPR, ter candidato próprio (Esperidião Amin).
Em entrevista coletiva ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que as manifestações contra ele lembram as manifestações "colloridas".
O presidente acrescentou que o aumento da alíquota do imposto de importação para 70% tem por objetivo manter o plano Real.

Texto Anterior: Quem aprendeu as lições
Próximo Texto: Chinesa busca traços de Mao no Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.