São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
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Associação quer mudar imagem de deficientes
MARCELO MENDONÇA
Cláudia Marques Maximino, 32, detesta a expressão "vítimas da talidomida". "Dá a impressão de que somos coitadinhos, implorando compaixão", reclama, ao explicar porque a entidade que criou tem o nome de Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida (ABPST). "No começo éramos os 'monstrinhos'; depois viramos os geninhos'; acho que agora está na hora de sermos apenas gente", diz Cláudia, que usa pernas artificiais e tem apenas o braço esquerdo deformado. Ela e o vice-presidente da ABPST, Flávio Augusto Werner Scavasin procuram tratar com descontração e sem tabus suas próprias deficiências. A rotina da Associação envolve reuniões do Conselho Nacional de Saúde, onde a entidade tem assento, e pressões em prol dos deficientes no Congresso e Ministério da Previdência. Como resultado, os portadores da síndrome conseguiram, em 1993, que o governo dobrasse a pensão, estipulada dez anos antes em quatro salários-mínimos, para o maior grau de deficiência. Em 76, um processo contra os fabricantes de talidomida foi movido em Porto Alegre, resultando, em 82, num projeto de lei prevendo pensões. Mas o processo para um portador obter o benefício pode se arrastar por anos na burocracia da Previdência. Cláudia está movendo uma ação judicial, contra a Previdência. Reivindica a diferença entre os valores fixados em salários-mínimos e o índice usado pelo INSS, que fez despencar o valor real da pensão. Outra conquista do grupo foi a isenção do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na compra de próteses e aparelhos. Com a assistência do Ministério Público estadual, a ABPST integra ainda um "esforço concentrado" de entidades contra barreiras que prejudicam os deficientes. Texto Anterior: Médico pede mais controle Próximo Texto: Jogador do Vasco atropela quatro no Rio Índice |
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