São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Arquiteto sonha com metrôs suspensos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os caos no trânsito de São Paulo tem conserto. A convite da Folha, os arquitetos Candido Malta Campos Filho, Joaquim Guedes e Roberto Loeb sugerem planos para o futuro da cidade.
Loeb, 54, tem um sonho: quer reinventar a geografia da cidade com metrôs suspensos nas áreas de menor densidade populacional. Coordenador do grupo que estuda São Paulo no PNBE (Pensamento Nacional de Bases Empresariais), ele defende a remodelação total da cidade e sua administração por microrregiões que não ultrapassariam dez quarteirões. Leia a seguir seu projeto para São Paulo em 2005:

"Imaginei uma São Paulo meio futurista para o ano 2005 porque a cidade tem que ser totalmente remodelada. Só assim as pessoas vão voltar a sentir orgulho de São Paulo. Meu sonho é reinventar a geografia da cidade, já que a geografia real foi coberta por um lençol de concreto.
Não quero destruir a cidade que existe. Queria sobrepor uma cidade ultracontemporânea sobre São Paulo. A crise é tão grande que há um mundo de oportunidades para se criar soluções inéditas.
O metrô subterrâneo tem que continuar nas áreas de densidade populacional. Nas regiões menos densas eu colocaria metrôs suspensos, com 30, 40 metros de altura. Custa um quarto do preço do metrô subterrâneo -R$ 25 milhões o quilômetro- e leva 50 mil pessoas por hora. O subterrâneo leva 120 mil por hora.
O metrô suspenso conseguiria deter a degradação dos bairros. As estações não seriam só estações. Seriam ilhas de serviço. Poderia ter uma torre com restaurante japonês, chinês, banho de furô. Tem torre com universidades, escolas, outra com serviços 24 horas.
Isso geraria negócios que se propagariam pela região.
A cidade teria que ser dividida em microrregiões de oito, dez quarteirões. Tem que dar para as comunidades uma responsabilidade que elas perderam. As microrregiões funcionariam com um condomínio, levantando e resolvendo todos os problemas. Teriam que receber de volta parte do imposto pago pelos moradores.
Seria uma aliança tripartite: moradores, empresas patrocinadoras e prefeitura. A microrregião teria uma bolsa de empregos para oferecer vagas na própria área e evitar grandes locomoções.
Meu medo é transformar a cidade num grande Minhocão com os metrôs suspensos. É uma cirurgia delicada. Exige sensibilidade, não pode ser feita por qualquer um".

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