São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Penitenciária era dominada pelos detentos desde 94

ENIO MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os aproximadamente 700 presos da penitenciária 1 de Tremembé (SP) que se rebelaram na última semana controlavam a presídio havia pelo menos seis meses, segundo os agentes penitenciários.
Segundo o agente Augusto César Pereira da Luz, 32, a última rebelião com os reféns demonstrou as falhas da segurança do presídio.
"Os presos têm total liberdade. O comércio e o consumo de drogas é uma coisa normal aqui." Luz foi um dos 12 funcionários do presídio mantidos como reféns.
"Os presos transformaram as celas em bordéis, com fotos de mulheres nuas nas paredes e até luzes vermelhas", afirmou o agente penitenciário Daniel de Oliveira. "Não havia condições de fazer revistas rigorosas", disse.
O ex-diretor do presídio, Carlos Alberto Duarte, não se pronunciou sobre a rebelião e nem sobre as denúncias. Ele foi substituído interinamente na última sexta por Tito Xavier Lopes, diretor do presídio José Augusto César Salgado, conhecido como IRT (Instituto de Reeducação de Tremembé).
O secretário da Administração Penitenciária, Belisário Santos Júnior, disse que vai apurar as denúncias. Segundo os agentes penitenciários, a falta de disciplina, a organização dos presos e a omissão da direção do presídio facilitaram a ocorrência da rebelião.
As vistorias para procurar armas e drogas deveriam ser realizadas pelo menos uma vez por mês, segundo os agentes, mas acabavam sendo feitas uma vez a cada dois meses e com pouco rigor.
Na vistoria realizada na última sexta, após a rebelião, foram encontradas cerca de mil estiletes e facas com os presos.
Ainda segundo os agentes, os presos do presídio 1 tinham cinco horas livres por dia. Das 8h às 10h30 e das 15h às 17h30 eles podiam ficar fora das celas e aproveitar para negociam drogas e combinar possíveis fugas ou rebeliões.

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