São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Freio na abertura põe estabilidade em xeque

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A relativa estabilidade de preços no Plano Real foi garantida pela política de abertura do país. A avaliação é do economista do Banco de Boston, José Antônio Pena Garcia.
As importações tiveram dois papéis essenciais: segurar os preços e suprir o mercado interno, aquecido pelo aumento da demanda.
Por decorrência, o aumento das alíquotas permite um aumento de preço do produto nacional da mesma magnitude, raciocina Joseph Tutundjian, da Cotia Trading.
Ele lembra que os bens de consumo representaram US$ 5,1 bilhões das importações realizadas em 94 -bens intermediários e matérias-primas corresponderam a US$ 13,6 bilhões e bens de capital ficaram com US$ 6,8 bilhões.
O crescimento percentual dos bens de consumo foi maior: 69%, 20% e 48%, respectivamente, contra o ano de 1993.
Tutundjian diz que a abertura possibilitou, além de um barateamento dos produtos, um aumento da qualidade e da modernização.
A Toga, principal empresa no ramo de embalagens flexíveis, por exemplo, viu seu mercado médio mensal aumentar de US$ 8 milhões para US$ 12 milhões. "O consumo cresceu de tal forma que fomos obrigados a importar matérias-primas para não perder mercado", diz Sérgio Haberfeld, presidente da empresa.
Haberfeld e Garcia concordam com a tese de que o aumento de tarifas, embora localizado em algum produtos, criou um problema de credibilidade.
"Os times estavam em campo, 11 de cada lado e o governo, dono da bola, avisou que o jogo agora é de tênis", diz Haberfeld.
Garcia completa dizendo que, nos últimos dias, tem conversado com representantes de empresas estrangeiras e a preocupação maior é com a "estabilidade das regras".
Amaury Bier, economista do Citibank, lembra, porém, que os produtos sobretaxados não são expressivos no leque captado pelos índices de preços, "que refletem o padrão de consumo familiar".
"O governo foi pragmático e encontrou a melhor solução possível para garantir o equilíbrio das contas externas", afirma.
A preocupação de Bier é com a demanda. Embora ressaltando que há um esfriamento do consumo, Bier afirma que "controlar o nível de atividade passou a ser uma questão de vida ou morte".
(JCO)

Texto Anterior: VW descarta aumento devido a nova alíquota
Próximo Texto: Classe média desiste do carro importado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.