São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Ídolo 'unânime' elogia futebol solidário

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 04/04/95
O ex-jogador Cláudio Christovam de Pinho foi campeão sul-americano com a seleção brasileira em 1949, e não em 1942 -quando o vencedor foi o Uruguai-, como informou entrevista à pág. 4-4 de Esporte de domingo.
Erramos: 06/04/95
O jogador Cláudio Christovam de Pinho, como capitão do Corinthians na década de 50, não avisava a diretoria e o técnico de casos de jogadores boêmios, como relatou texto à pág. 4-4 de domingo ( Esporte). Ele era, na realidade, comunicado pelos dirigentes e pela comissão técnica do clube sobre estes atletas e tinha a função de interceder junto a eles para contornar a situação.
Ídolo 'unânime' elogia futebol solidário
Palmeiras e Corinthians tem uma coisa em comum: ambos têm em sua história Cláudio Christovam de Pinho.
O ponta-direita Cláudio foi o autor do primeiro gol palmeirense, depois que o time deixou de se chamar Palestra Itália.
O motivo para o novo batismo foi a declaração de guerra do Brasil para as nações do Eixo, entre elas a Itália.
O conflito fez o time da Barra Funda desmontar seu elenco ao término do Campeonato Paulista de 1942.
Cláudio voltou para seu primeiro time, o Santos, para disputar as temporadas de 43 e 44.
O retorno a uma equipe da capital paulistana se deu em 1945. Cláudio vestiria a camiseta corintiana até 1959, conquistando por três vezes o Paulista (1951, 52 e 54).
O maior artilheiro da história do Corinthians (295 gols) diz hoje que sua maior especialidade era a assistência.
"O mais importante para mim era entregar a melhor bola para meus companheiros finalizarem", diz aos 72 anos, morador do Canal 4 do Boqueirão, em Santos (litoral paulista).
Cláudio deu fim a sua carreira no São Paulo, deixando o futebol profissional no dia 21 de abril de 1960.
Nos últimos anos de futebol fazia jornada dupla: foi jogador e fiscal da Prefeitura de São Paulo, aposentando-se em 82.
Recebeu o apelido de "Gerente" por seu corpo franzino e por ser o responsável pela distribuição de jogadas.
Cláudio defendeu a seleção brasileira 12 vezes, sendo campeão sul-americano em 1942.

Folha - Quais foram os jogos entre Corinthians e Palmeiras que marcaram sua carreira?
Cláudio Christovam de Pinho - Meu último jogo pelo Palmeiras foi contra o Corinthians. Vencemos por 3 a 1. Eu tinha só 20 anos. Depois da partida, o Palmeiras vendeu praticamente todos seus jogadores porque estava sendo pressionado pelo governo e pelos outros clubes.
Quando eu estava no Corinthians, o clássico mais importante foi a decisão do torneio 4º Centenário, em 1954. O jogo terminou empatado em 1 a 1, o que deu o título ao Corinthians.
Folha - Você não foi considerado um traidor por trocar de time?
Cláudio - Depois de sair do Palmeiras, fiquei dois anos no Santos, que, na época, era um time de pouca expressão. Quando fui para o Corinthians, ninguém se queixou que eu teria passado pelas fileiras do rival.
Por outro lado, os palmeirenses nunca me chamaram de traidor. Na verdade, fiz muitas amizades nas duas equipes.
Folha - Como eram os dois times nas décadas de 40 e 50?
Cláudio - Muitas coisas mudaram, mas a filosofia das equipes era a mesma de hoje. O Corinthians era uma equipe voluntariosa, porque sua torcida reclamava garra. O Palmeiras, por ser um time de colônia, tinha uma torcida exigente, que queria a vitória conquistada com um futebol clássico de toque de bola de pé em pé.
Folha - Que outras características tinham as equipes?
Cláudio - O Palmeiras era um time que não aceitava negros entre seus jogadores. O primeiro mulato a vestir a camisa verde foi Og Moreira, que entrou no time em 42, junto comigo. Já o Corinthians não aceitava estrangeiros. Na época era moda ter jogador argentino, paraguaio ou uruguaio no time, mas, no parque São Jorge, ninguém queria saber deles.
Folha - Tem algum jogador da atualidade que tenha um estilo parecido com seu?
Cláudio - O Marcelinho. Como eu, ele joga pela direita e tem um chute forte, bom para cobrar faltas e escanteios.
Folha - Com quem você aprendeu a cobrar falta?
Cláudio - Aprendi observando Hércules, jogador do Fluminense, que, por sua vez, havia copiado de Bianco, jogador do Palmeiras de 1920. Era o mesmo estilo "folha seca" que Didi consagrou na década de 50: um chute que encobria a barreira e caía em direção ao gol.
Folha - O apelido de "gerente" incomodava você?
Cláudio - Não. Era um apelido respeitoso. Até os dirigentes do Corinthians acabaram adotando-o.
Havia vezes que eu avisava o técnico que um jogador estava saindo muito à noite ou bebendo.

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