São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Proposta para mudar o calendário esportivo

TELÊ SANTANA

A convocação de jogadores para a seleção principal e também para a seleção de juniores nesta semana, desfalcando os principais clubes do país nos campeonatos regionais, evidenciou mais uma vez os problemas do calendário futebolístico do Brasil.
Não é justo você armar um time para a disputa de um campeonato tão importante, como o Paulista, e vem a seleção para tirar seus principais jogadores.
Ao mesmo tempo, para competições oficiais e importantes, como o Mundial de juniores, não tem como você negar a cessão de jogadores.
Como resolver o problema então?
Mudando o calendário e a estrutura de nossos campeonatos.
Eu e o São Paulo temos algumas propostas nesse sentido.
Uma alternativa seria diminuir radicalmente o número de clubes nos campeonatos regionais.
Hoje há excesso de equipes ruins, que afastam a presença de público e provocam prejuízo nos cofres dos times grandes, as grande atrações.
Eu acho que um Campeonato Paulista com 12 clubes, no sistema turno e returno, seria a fórmula ideal.
Nesse tipo de disputa, todos seriam candidatos ao título. É uma coisa a ser adotada também nos campeonatos do Rio, Minas e Rio Grande do Sul.
No Campeonato Brasileiro, idem. Poucos clubes na primeira divisão e os demais disputando o acesso nas outras divisões.
O problema é que este sistema não é interessante para as federações. Quanto maior o número de jogos, mais lucro têm.
Outra alternativa seria as equipes grandes entrarem apenas nas fases decisivas dos campeonatos.
Assim, sobraria tempo para os clubes disputarem as competições internacionais, que têm grande importância.
Enquanto providências não são tomadas, somos obrigados a ceder jogadores para a seleção nas datas que temos jogos pelos campeonatos estaduais.
Para o Mundial de juniores, ainda dá para relevar. Mas para amistosos caça-níqueis, não.
O técnico da seleção alega que precisa observar jogadores.
Ora! A observação seria muito mais lucrativa se ele assistisse aos jogos importantes por todo o Brasil.
Isso vale muito mais que passar um ou no máximo dois dias com os jogadores, sem tempo de treinar adequadamente.
Nós sabemos também que a observação só vale para esses jogos sem importância.
Na hora do forte, ele vai buscar o Bebeto, o Mauro Silva e outros jogadores na Europa.

Texto Anterior: Ídolo 'unânime' elogia futebol solidário
Próximo Texto: Santos tenta convencer a torcida contra Araçatuba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.