São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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'Garimpo' leva a bons achados

CLÁUDIA PIRES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

'Garimpo' leva a bons achados
Antiquários famosos da cidade dizem terem feito ótimos negócios nas feiras de antiguidades. Christina Paranhos do Rio Branco, 52, da Sociedade dos Antiquários de São Paulo, e Antônio Challube, 54, da Associação dos Antiquários são frequentadores assíduos destas feiras.
Um dos achados feitos por Christina foi a compra de um quadro de Estevão Silva, importante pintor da época imperial, por US$ 150.
"O quadro estava no Masp, no chão de uma barraca. Comprei porque achei bonito. Quando examinei melhor, percebi que era uma obra importante, que vale aproximadamente US$ 6 mil", disse.
Outro achado de Christina foi uma caixinha de ouro e marfim que pertenceu a Don João 6º, comprada por US$ 100. Segundo a antiquária, o objeto vale no mínimo US$ 2 mil.
Ela também conta histórias de clientes seus que fizeram boas compras. Um deles, que não quis ser identificado, afirmou ter comprado um prato de cerâmica na feira do Masp por R$ 200.
O prato foi vendido pelo barraqueiro como sendo uma "cerâmica moderna". "Ao chegar em casa, descobriu que tinha comprado um Picasso", afirma Christina.
Segundo ela, a peça foi revendida em Nova York por US$ 10 mil.
Antônio Challube trabalha na feira de antiguidades do Masp desde sua inauguração, em 1979.
Ele afirma que alguns dos melhores negócios que realizou foram com vasos de vidro Gallê, que normalmente valem até US$ 15 mil. "Já encontrei boas ofertas que sempre são revenidas com sucesso".
O restaurador Renato Rinaldio porém, chama a atenção para as pessoas que não têm muito conhecimento em peças e resolvem fazer "grandes descobertas".
Segundo ele, alguns vendedores costumam deixar peças jogadas num canto justamente para que o comprador ache que está fazendo uma descoberta e pagando pouco.
"O comprador não pode ser afoito, querendo ser 'esperto'. Na compra de objetos de valor, todo cuidado é pouco", disse Rinaldi.
Recomenda-se ainda cuidado na compra de arte sacra. Há muito furto de imagens no Brasil.
(CP)

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